Cristina Oliveira da Silva, in Jornal Económico
Metade dos empregados apoiados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que revelam ter um posto estável - ou seja, que trabalharam no último ano - contam com rendimentos entre 225 e 449 euros (por adulto).
Mas ainda há 27,1% que revelam receber até 224 euros. Ou seja, a grande maioria vivia, no ano passado, com rendimentos abaixo do salário mínimo (450 euros). Estas são algumas das conclusões do estudo "Os caminhos da Pobreza - Perfis e Políticas Sociais na Cidade de Lisboa", hoje apresentado hoje.
O estudo teve em conta uma amostra de 600 utentes de entre um universo de 12.442 beneficiários com registo activo nos serviços de acolhimento social e que tiveram mais de dois contactos com a instituição nos últimos três anos.
Tendo em conta o limiar de pobreza (407 euros), o estudo conclui que mais de 80% da população auxiliada vive abaixo desse montante, recebendo cerca de 285 euros.
Os desempregados apresentam o quadro mais desfavorável, com rendimentos de cerca de 250,5 euros, abaixo dos reformados (302,99 euros), das pessoas em situação de doença ou incapacidade permanentes (275,49 euros) e dos empregados (332,44 euros).
Por outro lado, o estudo também prevê que os rendimentos dos beneficiários desçam à medida que aumenta o tempo de permanência na assistência social. Assim, os rendimentos situam-se, em média, acima dos 290 euros quando o tempo de permanência não excede os dois anos, mas baixam para 263 euros acima de dez anos.