Por Sofia Rodrigues, in Jornal Público
O PCP já fez as contas a todas as medidas de austeridade anunciadas pelo Governo e não tem dúvidas de que para o ano "muitas famílias" vão ter menos um mês de salário. É contra o impacto das medidas anticrise que o PCP sai hoje à rua para contactar com a população, na véspera da moção de censura no Parlamento.
"Se fizerem as contas ao novo imposto de 1,5 por cento no IRS, ao aumento do IVA em bens essenciais, ao corte no investimento público, ao corte na dedução à colecta na saúde e educação, muitas famílias vão verificar que perderam um mês de salário", afirma o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.
Sob o lema "Não ao roubo nos salários", o PCP promove uma acção nacional de rua com a distribuição de documentos em locais de trabalho, terminais de transportes e em ruas e praças de várias localidades. A iniciativa "procura sensibilizar e alertar para este caminho de desastre, acentuação de injustiças com estas medidas complementares", justifica Jerónimo de Sousa. Trata-se de uma acção nas ruas que antecede um protesto com dimensão institucional no Parlamento - a moção de censura ao Governo - e a manifestação convocada para a próxima semana pela CGTP.
O secretário-geral do PCP questiona os resultados das medidas duras que o Governo pretende começar a aplicar já a partir de Junho. "São sacrifícios para quê? É para resolver os problemas nacionais? Não, é só para resolver o défice", afirma, contestando a obsessão com o défice: "Há países da União Europeia que têm um défice mais alto, como a Inglaterra, e não têm esta fobia." O dirigente comunista sublinha que os sacrifícios só serão "para quem trabalha", porque a banca, por exemplo, "não é taxada com uma tributação justa". A acção de rua termina com um comício em Lisboa, na Voz do Operário, hoje à noite.