20.5.10

"Só uma verdadeira união económica" pode resolver o problema

in Jornal de Notícias

Joaquim Pina Moura afirmou hoje, quinta-feira, que a crise económica está a manifestar-se em grande tensão intra-europeia, podendo conduzir a situações "catastróficas", com "graves riscos sistémicos" que só uma "verdadeira união económica" poderá resolver.

O ex-ministro das Finanças marcou a sua posição no encontro organizado pela Câmara Hispano Portuguesa, que teve como tema central da agenda o debate sobre a situação económica ibérica e europeia.

Durante o encontro, que contou com a presença de dezenas de empresários espanhóis e portuguesas, Joaquim Pina Moura deixou uma mensagem de defesa da Europa, mas de preocupação sobre o futuro do bloco.

"Esta crise manifestou-se e está a manifestar-se numa grande tensão intra-europeia que em certos momentos nos levará a temer que algo se possa desregular de uma forma que seria catastrófica não apenas para os povos europeus e para os entes políticos europeus, como também para os equilíbrios globais no mundo", afirmou o presidente da Iberdrola Portugal.

Numa intervenção centrada na situação económica europeia, Pina Moura sublinhou ainda que a crise é hoje um "aspecto central" para todos os europeus e apelou à "afirmação no mundo da força, das ideias e dos projectos democráticos da UE."

Apesar do diagnóstico, Pina Moura afirmou também que a situação actual é também uma "comprovação dura" de que, por mais difícil que seja a situação, "é possível à UE superar e tratar os graves riscos sistémicos que a crise gera na situação politica, económica, estratégica da Europa e do projecto europeu".

Para isso, sublinha, é preciso avançar da actual união monetária para "uma verdadeira união económica".

"Esta 'descalibragem' ajuda a justificar e a compreender muito da crise actual e a identificar onde há que actuar do ponto de vista político para que o processo de construção europeia prossiga no carril do processo e não descarrile para uma situação que seria muito perigosa para todos os europeus, especialmente os países mais pequenos da UE", afirmou.

O ex-ministro da Economia e Finanças de António Guterres sustentou que a crise actual não é só monetária e financeira, pelo que as respostas também devem passar por acções no plano político e pela garantia de que os líderes europeus "estão seguros e comprometidos com a visão de uma Europa que se construiu ao longo do último meio século".

Para Pina Moura é vital acelerar a coordenação das políticas económicas, indo "muito mais além do que já foi feito até agora" e além da coordenação de políticas monetárias.