por Elisabete Silva, in Diário de Notícias
Alunos fizeram perguntas sobre cidadania, solidariedade e pobreza. Sentido crítico foi elogiado por júri e membros do painel
Auto-intitulam-se "Repórteres do Quotidiano". Pensam seguir a carreira de jornalistas e ontem receberam uma grande incentivo ao vencerem o concurso da N@escolas, organizado pelo DN.
Daniela Salgueirinho (17 anos), Leonor Abrunheiro (16), Bárbara da Silva (17), Ricardo Rocha (16) e Emanuel Monteiro (16) conquistaram por unanimidade o voto das juradas. Os alunos do Instituto D. João V do Louriçal concorreram na grande final da terceira edição do N@escolas com a Escola EB Vale de Cambra e com a Escola Secundária Francisco de Holanda.
O tema era "cidadania e solidariedade no combate à pobreza". Paulo Sande, director do gabinete de Portugal do Parlamento Europeu, Isabel Jonet, directora do Banco Alimentar, João Ferreira, eurodeputado do PCP, e Maria Graça Carvalho, eurodeputada do PSD, formaram o painel.
"Penso que depois desta experiência vamos mudar a forma de ver este assunto e não só. Passaremos a ser menos indiferentes, a aprofundar mais a informação", afirmou Emanuel Monteiro, que não esquece as noites mal dormidas para preparar as questões.
Bárbara não largou o cartaz que descrevia o prémio: uma viagem a Londres, onde o grupo vai assistir ao musical Os Miseráveis para conhecer e entrevistar o elenco e ainda vão visitar a London Music School. "Sempre quis ir a Londres e vou à London Music School. Ouvi falar tanto da escola nos Ídolos e agora vou lá primeiro que o vencedor do programa", disse Bárbara, entusiasmada. Leonor, mais calma, realçou a valorização do currículo com a vitória.
A professora de português Maria Antónia Marques acompanhou os alunos no processo de preparação para o debate. "Foi uma semana difícil. Tiveram testes, trabalhos para apresentar, mas empenharam-se muito para este debate", salientou. A docente admitiu que confiou plenamente no grupo dando-lhes total autonomia na escolha das questões.
Referindo que o tema não era fácil pelo excesso de informação existente, a professora realçou que este desafio foi importante para os alunos aprenderem a reflectir de forma crítica a leitura. E é este ponto que João Ferreira - um dos mais solicitados pelos participantes - considerou muito importante. "Estas iniciativas contribuem para que estes jovens possam aprofundar os temas. Ir além das causas das coisas", disse. Para o eurodeputado, há uma imagem errada que os jovens de hoje não se interessam por temas como cidadania ou pobreza: "Às vezes precisam é de meios para demonstrarem a sua dedicação."
Para Elisabete Silva, responsável pelo sector da ciência da Comissão Nacional da UNESCO e uma das juradas, estes jovens vão passar "a ser mais interventivos como cidadãos". Luísa Arsénio, coordenadora do projecto Educar para a Cidadania Democrática e Direitos Humanos do Ministério da Educação, a escritora Maria João Lopo de Carvalho e a directora adjunta do DN, Filomena Martins, completaram o júri.
Atento ao debate esteve Nuno Gama. O estilista foi uma das personalidades que estiveram nas escolas a ser entrevistados pelos alunos na primeira fase do concurso. "Eu começo a chegar a uma idade em que fico preocupado com a postura dos mais novos. Pelo que vi, há jovens que podem equilibrar a balança pela positiva", conclui.