30.6.09

Vieira da Silva: risco pobreza é hoje menor do que há 10 anos

in Dinheiro Digital

Apesar das «fragilidades, muitas delas estruturias», Portugal é um país onde o risco de probreza é menor do que há uma década, destacou esta segunda-feira o ministro Vieira da Silva, a propósito de um estudo que revela um terço dos portugueses vive «num contexto de precariedade».

A presença de uma grande "privação" na sociedade portuguesa, não só nas classes mais pobres, mas também nas classes médias, e a ausência de confiança são duas das principais conclusões do estudo "Necessidades em Portugal", hoje apresentado em Lisboa.

No entanto, "surpreendentemente, os portugueses são felizes, têm uma boa apreciação da sua vida", segundo Teresa Costa Pinto, socióloga do Centro de Estudos Territoriais do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), que elaborou o estudo.

"Portugal é um país onde há demasiados pobres mas obviamente sabemos que num contexto mais alargado temos de ter a humildade de perceber que a nossa situação é muito mais vantajosa do que aquela em que muitos povos vivem em muitas zonas do mundo", afirmou por sua vez o ministro do Trabalho e Solidariedade Social, Vieira da Silva, presente na apresentação do estudo.

Afirmando-se preocupado por cerca de 60 por cento dos portugueses viverem com menos de 900 euros por mês, o ministro considerou que seria ainda mais preocupante se "essas pessoas estivessem abaixo da linha de pobreza".

"[Portugal] é um país que tem fragilidades, muitas delas estruturais, mas são fragilidades que já mostrámos que somos capazes de ultrapassar", disse, lembrando que "o indicador da União Europeia que retrata a situação social do ponto de vista da privação - o indicador da intensidade do risco de pobreza - tem hoje em Portugal um valor de 18 por cento", comparado com os 23 por cento registados há uma década.

O inquérito hoje apresentado conclui que 35 por cento dos portugueses têm "uma privação" alta ou média e que mais de metade (57 por cento) tem um orçamento familiar abaixo dos 900 euros.

O universo dos mais vulneráveis (que revelam mais sentimentos negativos) coincide com os idosos, as famílias monoparentais e os menos instruídos.

Quanto ao nível de satisfação é, em Portugal, de 6,6 numa escala de 1 a 10, enquanto o de felicidade é de 7,3 em 10. No entanto, a maioria está insatisfeita com a falta de perspectivas e com as condições de trabalho: 30,6 por cento desejaria mudar de emprego mas, entre estes últimos, 37,5 por cento confessa que não faz nada para que isso aconteça.

Por outro lado, 63 por cento recusa a possibilidade de emigrar e só uma minoria deseja voltar a estudar, pois muitos consideram que já não têm idade (51 por cento) ou que não têm tempo (25 por cento).

Outra novidade do estudo - promovido pela Tese, Associação para o Desenvolvimento, e realizado cientificamente pelo CET/ISCTE - dá ainda conta de elevados níveis de desconfiança em relação aos outros (4,5 em 10).

Diário Digital / Lusa