3.12.14

Migrantas: desenhos que falam sobre imigração

in Público on-line (P3)

Num mural com fundo amarelo vê-se um conjunto de pictogramas: num, uma figura feminina tem o coração partido ao meio; noutro, uma família compõe-se — pai, mãe e criança, que se esconde atrás da saia da mãe; noutro ainda, uma figura também feminina esboça um sorriso triste e soçobra ao peso dos livros que carrega nos braços. Este mural está em Berlim, mas podia estar em Buenos Aires, Hamburgo, Sevilha, Salzburgo, Colónia ou Viena, cidades por onde já passaram os "workshops" promovidos por Marula Di Como e Florencia Young com as comunidades imigrantes locais (Marula é artista e Florencia designer gráfica). Os desenhos são simples na sua expressão vectorial, mas a mensagem quer-se universal: “A mobilidade, a migração e transculturalidade não são já excepções mas um fenómeno do nosso tempo. Contudo, o que sente um imigrante e quais as suas experiências [no novo país] pode passar despercebido ao resto da população”, explica o Colectivo Migrantas, que usa o design gráfico para comunicar sentimentos e emoções. Como se partilham experiências? Como se estendem laços para fora do círculo das amizades que falam a mesma língua? Foram perguntas assim que serviram de semente para lançar os primeiros "workshops": as pessoas reúnem-se para discutir as suas experiências, o que as deixa traumatizadas ou lhes traz felicidade; e desenham para mostrar como se vêem e são vistas. Deste trabalho, e com os devidos apoios financeiros de entidades públicas, saem os pictogramas que chegam depois a mupis, murais, paragens de autocarros, sacos de compras, postais no escaparate de um qualquer posto de turismo. É o que está a acontecer em São Miguel, Terceira e Faial. “Os Açores tiveram a sua história de diáspora até aos anos 70 mas desde finais da década de 1990 que passámos a acolher [imigrantes]. É pegar na nossa experiência para melhor integrar quem chega”, explica André Santos, da Cooperativa Cultural MaLA, que, juntamente com Susana Sousa, organizou a iniciativa — segundo os números dos Serviços Regionais de Estatística referentes a 2012, 2% da população do arquipélago é imigrante, com destaque para Cabo Verde e Brasil, e a maioria (36%) concentra-se em Ponta Delgada. (MPB). Lê mais no PÚBLICO.