18.11.15

Desemprego. Quase 346 mil saíram da lista do IEFP até Agosto por estarem em formação

Sónia Peres Pinto, in iOn-line

Os desempregados a frequentar cursos entram na categoria de “ocupados” e só voltam a integrar a categoria de desempregados se não conseguirem emprego após a formação.

Quase 346 mil estavam até Agosto a fazer cursos de formação – pelos centros do Instituto de Emprego e Formação Profissional, gestão directa e participada ou por entidades externas. Este número de pessoas acaba por ser “afastado” da lista de desempregados inscritos no IEFP, já que surgem com a função de “ocupados”. A informação foi avançada ao i por fonte oficial do IEFP.

Em Agosto, o Instituto de Emprego tinha 536 581 inscritos nos centros de emprego e mais 135 308 na categoria de “ocupados”. Se somássemos estas duas parcelas estaríamos a falar de um total de 671 889 à procura de trabalho. Já em relação aos últimos dados que o IEFP tem disponíveis, existem 538 713 inscritos em Setembro e mais 134 594 em formação, o que dá um total de 674 307 pessoas sem trabalho.

A mesma fonte chama, no entanto, a atenção para a alteração que existe na inserção de categorias. Se até Setembro de 2011 as pessoas desempregadas que integrassem estágios ou formação profissional, ou outras situações, eram anuladas como desempregados, desde então a classificação é feita numa categoria própria, a de “ocupados”. Esta alteração tem como objectivo “tornar evidente o número de pessoas que beneficiam de intervenções de resposta em medidas activas do mercado de trabalho, e com isso reforça-se a transparência”.

E só no caso de a pessoa não voltar ao mercado de trabalho imediatamente após o final da formação volta a ser automaticamente incluída na categoria “desempregado”.

Integração no mercado O que e certo é que o número de pessoas inscritas nas acções de formação tem vindo a aumentar. Em 2013 totalizaram 466 547, em 2014 subiram para 535 534 e até Agosto deste ano já totalizam 345 903. No entanto, o IEFP considera que estas formações são “importantes para a posterior integração dos formandos no mercado de trabalho”, acrescentando ainda que “isso acontece porque a formação se reveste de características que, sendo complementares, concorrem todas elas para o aumento da empregabilidade dos formandos”.

O IEFP diz ainda que as ofertas formativas que são disponibilizadas estão alinhadas com as necessidades locais, regionais e nacionais do mercado de trabalho e estão também direccionadas para áreas consideradas estratégicas para o crescimento da economia. É o caso dos sectores de bens e serviços transaccionáveis, que são definidos “de acordo com orientações e estudos estratégicos de âmbito nacional associados a diagnósticos de evolução do mercado de trabalho à escala regional e local”.

O Instituto de Emprego garante também que o conteúdo que é dado nas formações é revisto tendo em conta as evoluções do mercado de trabalho e associado a sectores de actividade específicos. “A actuação estratégica visa conceber as qualificações necessárias hoje e a curto/médio prazo ao tecido económico e social”, diz, acres-centando ainda que, “além das competências técnicas especificamente associadas ao desempenho profissional num determinado sector produtivo, todas as formações incidem na aquisição de competências transversais muito valorizadas pelos empregadores, de que constituem exemplo a autonomia, a responsabilidade, a liderança, a capacidade de resolução de problemas, a inovação, o empreendedorismo e o trabalho em equipa”.

Em relação às modalidades de formação, o Instituto de Emprego garante que, sejam elas dirigidas a jovens ou a adultos, de maior ou menor duração, incluem uma componente de formação prática em contexto de trabalho. De acordo com o mesmo, o objectivo é simples: “Possibilita aos formandos um contacto directo com contextos reais de trabalho e a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos por via da aprendizagem em sala de aula.”

E lembra que a formação prática em contexto de trabalho é garantida por um grande número de entidades empregadoras, que para o efeito se constituem como entidades de acolhimento e são parceiras do IEFP e da sua rede de centros de emprego e formação profissional, com destaque para as empresas de diversos sectores de actividade. “A participação neste tipo de formação exige da parte das empresas a disponibilização de um trabalhador que exerça as funções de tutor e nesse sentido acompanhe a integração dos formandos nos processos produtivos e nos processos de trabalho da empresa, garantindo simultaneamente que o formando adquire as competências necessárias, identificadas no âmbito do percurso formativo”, conclui.