4.2.16

Crianças sírias encontradas a trabalhar nas fábricas da H&M e Next

Ana Bela Ferreira, in "Diário de Notícias"

Duas das maiores cadeias de moda da Europa admitiram ter encontrado crianças sírias a trabalhar em fábricas dos seus fornecedores na Turquia

A sueca H&M e a britânica Next foram as únicas marcas que admitiram ter encontrado crianças refugiadas sírias a trabalhar nas fábricas dos seus fornecedores da Turquia. A denúncia foi feita pela organização sem fins lucrativos Business and Human Rights Resource Centre (BHRRC) e divulgada pelo jornal britânico The Independent.

A organização, que se dedica a monitorizar a área da responsabilidade social das empresas, questionou no mês passado 28 das maiores marcas sobre os seus fornecedores na Turquia e quais as suas estratégias para combater a exploração das crianças e adultos sírios. Apenas a H&M e a Next responderam ter encontrado crianças nas suas fábricas e garantiram estar a resolver o problema colocando as crianças na escola e apoiando as suas famílias. Contudo, não revelaram as idades das crianças.

A atitude destas duas cadeias foi elogiada pela BHRRC que, no entanto, teme que este problema seja muito mais alargado, uma vez que algumas marcas não responderam a estas questões. Primark e C&A disseram ter identificado adultos sírios entre os trabalhadores. Adidas, Burberry, Nike e Puma garantiram não ter sírios ilegais na sua cadeia de fornecedores, tal como o grupo Arcadia (dono da Topshop, Dorothy Perkins e Burton Menswear).

Outras marcas, como a M&S, Asos, Debenhams e Superdry, simplesmente não responderam à questão dos trabalhadores sírios. Enquanto dez empresas (incluindo a GAP, New Look e River Island) não enviaram ainda qualquer resposta.

"Apenas algumas marcas parecem comprometidas com a dimensão e a complexidade destes problemas com os seus fornecedores turcos; menos ainda admitem ter tomado medidas para proteger estes trabalhadores vulneráveis", refere a associação, citada pelo The Independent.

A Turquia é, juntamente com a China, Camboja e Bangladesh, um dos maiores produtores mundiais da roupa vendida nas lojas europeias. É também o país que mais refugiados sírios acolheu desde o início da guerra em 2011: 2,5 milhões. Mas, a Associação de Exportadores de Roupa e Confeção já negou que as fábricas dos seus associados tenham recorrido a trabalho de crianças sírias refugiadas. Sendo também

Como só agora, na sequência de um acordo com a União Europeia, a Turquia vai conceder autorizações de trabalho para a população síria, muitos deles encontravam-se a trabalhar de forma ilegal. Vulneráveis à exploração recebem muito menos do que os trabalhadores turcos e muitas crianças são usadas para garantir mão-de-obra ainda mais barata.

Esta notícia de abuso na utilização de crianças em fábricas de roupa surge na mesma altura em que a Europol alertou para o desaparecimento de 10 mil crianças refugiadas em dois anos.