Sandra Fernandes, in Jornal de Notícias
"Vamos publicar, no início de 2008, o livro negro da pobreza do distrito, com as boas e as más práticas, fazer denúncias e propostas". A promessa é do deputado do Bloco de Esquerda (BE) João Teixeira Lopes, e foi feita, ontem, à margem de uma visita ao centro Porta Amiga, da AMI (Assistência Médica Internacional), em Vila Nova de Gaia. O intuito da visita foi fazer um diagnóstico das situações e causas de pobreza e das instituições de combate .
"Gaia é um concelho onde a pobreza tem aumentado não só devido às políticas nacionais como, também, devido à acção fraca e errática da Autarquia. A Câmara está mais preocupada com o show-off do que em resolver questões estruturais, como a pobreza", acusou o deputado
Também Alda Sousa, elemento do BE de Gaia, não poupou críti cas à Autarquia. "A Câmara tem procurado resolver algumas situações de habitação, mas muito longe do que devia. Por exemplo, atrás da "vitrina" do Cais de Gaia há situações de pobreza enorme e pessoas a viver em condições degradantes. É como se a pobreza fosse banida quando Menezes ganhou a Câmara", salientou Alda Sousa. Segundo os bloquistas, a pobreza em Gaia, embora aparentemente invisível, tem aumentado. A AMI, em três anos de trabalho, triplicou o número de casos e em 2006 tinha já indiciadas 990 pessoas. "Temos uma base informática que permite recolher dados sobre a exclusão social, mas estes dados são referentes apenas aos que nos pedem ajuda, pelo que é uma pequena amostra", explica Susana Reis, responsável pela organização.
Segundo a técnica, a maioria os excluídos de Gaia têm entre 30 e 39 anos, estão desempregados, frequentaram apenas o Ensino Primário, tiveram percursos laborais precários e dependem de subsídios e ajudas institucionais, sem consciência do seus direitos.
" Grande parte da população tem fracas condições de habitabilidade, mas para combater a pobreza, a inserção social tem de ser feita de forma mais abrangente", ressalva Susana Reis