Andreia Sanches, in Jornal Público
Indicadores sobre as condições de vida dos mais velhos mostram que em Portugal eles não se sentem tão felizes como na União Europeia
Os portugueses com 65 ou mais anos são particularmente queixosos no que diz respeito ao sistema nacional de saúde... e à sua própria saúde. Muito mais do que a média da União Europeia (UE). Têm uma esperança de vida próxima da observada nos 27 Estados-membros. Mas passam mais dificuldades: 14,5 por cento assumiram, numa sondagem de 2003, que lhes aconteceu recentemente não ter dinheiro para a alimentação (8,5 por cento na UE).
Hoje é Dia Internacional do Idoso. E, a partir de dados de várias fontes oficiais, como o gabinete de Estatística da União Europeia (Eurostat), o PÚBLICO faz um breve retrato estatístico da população mais velha em Portugal e na Europa.
Dados de 2005 mostram, desde logo, que a taxa de emprego entre os portugueses com idades compreendidas entre os 65 e os 69 anos é de 28 por cento, contra 8,2 por cento na UE dos 25. Apesar de mais activos, os seniores em Portugal são, no entanto, os que pior avaliam o seu estado de saúde. Mais de metade (54,6) dizem que é "má ou muito má", segundo o Eurostat que analisou dados recolhidos em 2001, em 29 países.
Na hora de calcular a taxa de pessoas em risco de pobreza, Portugal também se destaca. Em 2005, quando não havia ainda Complemento Solidário para Idosos (uma medida do Governo, que entrou em vigor em 2006, destinada a garantir que os mais velhos têm um rendimento de pelo menos 300 euros por mês) 28 por cento da população com 65 ou mais anos vivia abaixo do limiar de pobreza. Na UE estavam na mesma situação 19 por cento dos idosos.
A European Quality of Life Survey, de 2003, permite ainda saber que 14,5 por cento das pessoas com mais de 65 anos teve a experiência, nos 12 meses anteriores ao inquérito, de ficar sem dinheiro para alimentos. A percentagem de respostas semelhantes obtidas entre a população portuguesa total (todas as idades) é de 11,2 por cento. No país, como no estrangeiro, os mais velhos estão mais vulneráveis.
É sabido que o isolamento pode significar mais dificuldades. As estimativas apontam para que em 2010, na UE, 44 por cento dos idosos com 80 ou mais anos vivam sós. Em Portugal serão 30 por cento.
De resto, estudos recentes sobre a percepção da felicidade mostram que em geral os portugueses estão dentro da média. A população com mais de 55 anos está, contudo, mais insatisfeita, segundo o Eurobarómetro. Quando desafiados a avaliar as suas vidas, um quarto dos inquiridos portugueses com aquela idade disseram que não se consideravam felizes. A média na UE é de 18 por cento.