18.10.07

Portugal e muitos outros países desfilam pela erradicação da pobreza

in O Primeiro de Janeiro

“É preciso mais e melhor”


Assinalando o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, centenas de estudantes deitaram-se numa cama gigante, em Lisboa, para “despertarem juntos contra a pobreza”. Os universitários juntaram-se a uma iniciativa internacional de protesto contra as desigualdades no mundo.

«Desperta Contra a Pobreza» – uma iniciativa desenvolvida pela Associação Par, inserida na acção mundial levada a cabo em Portugal pela Campanha Pobreza Zero – levou centenas de estudantes à Alameda da Cidade Universitária, em Lisboa, para assinalar o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza. Após terem recebido um cartão de participação e uma almofada, os estudantes deitaram-se por baixo dos lençóis colocados no local, criando uma cama gigante na relva, para depois, ao som de um sinal, se levantarem contra a pobreza extrema. Às várias iniciativas da campanha mundial contra a pobreza, que começou terça-feira à noite e se prolongou até ontem, terão aderido, de acordo com a organização, cerca de 45 mil portugueses em todo o País. Estas acções protestaram contra a pobreza extrema que afecta uma em cada seis pessoas no mundo e exigir aos governos que cumpram as promessas de concretizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (OMD).

Oito OMD

São oito os OMD que os Estados-membros da ONU assumiram em 2000 e afirmaram querer ver cumpridos até 2015. Entre eles está a meta de reduzir a pobreza extrema no mundo para metade num período de 15 anos, que foi não só o primeiro objectivo anunciado, como também o mais importante, uma vez que, caso não seja cumprido, impede a realização de todos os outros. “Esta iniciativa global visa sobretudo chamar a atenção dos líderes políticos de que é preciso fazer mais e melhor contra a pobreza”, disse o coordenador em Portugal da campanha do Milénio da ONU. “Esta é uma acção dos cidadãos que exigem aos países que cumpram as suas promessas e perdoem as dívidas externas das nações pobres, que se crie um sistema de comércio mais justo para os países em desenvolvimento e que se conceda melhor e mais ajuda ao desenvolvimento”, explicou Luís Mah.

O responsável lembrou que Portugal “é um dos países que não tem cumprido as suas promessas, principalmente a nível da ajuda, uma vez que no ano passado o País disponibilizou apenas “0,21 por cento do Rendimento Nacional Bruto, quando deveriam ter sido 0,33 por cento”. “A quantia disponibilizada não dá mais do que oito cêntimos diários por cada português”, lamentou Mah. Por sua vez, Amândio Rodrigues da Associação PAR, explicou que este tipo de acções “visa também treinar as pessoas para uma cada vez maior mobilização para este tipo de causas”. “Um dos principais objectivos desta iniciativa foi estar próximo das pessoas para aumentar e promover a consciência cívica e participação dos estudantes para causas sociais”, disse. A organização pretendia também que a Alameda das Universidades “voltasse a ser um espaço de luta por causas” e que “os participantes saiam desta acção mais participativos e socialmente mais activos no seu dia-a-dia”.

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Números
Pobreza extrema
Em Portugal, uma em cada cinco pessoas vive em situação de pobreza. E, no mundo, uma em cada seis vive em condições de pobreza extrema, sem acesso a medicamentos nem a educação básica. Por outro lado, 12 por cento da população global consome 80 por cento dos recursos naturais disponíveis.