I.A.C., Bruxelas, in Jornal Público
Comité de reflexão começa a trabalhar no Outono do próximo ano e apresentará rela tório em 2010
Felipe González, ex-primeiro-ministro espanhol, foi ontem escolhido pelos líderes da União Europeia para presidir ao Grupo de Sábios, o "grupo de reflexão" sobre o futuro da Europa que começará a trabalhar a partir do Outono de 2008 para não perturbar a ratificação do Tratado de Lisboa.
O grupo, que contará com um total de 12 membros oriundos de todos os sectores da sociedade civil, terá ainda como vice-presidentes a ex--chefe de Estado da Letónia Vaira Vike-Freiberga, e o presidente dos grupos Nokia e Shell, o finlandês Jorma Ollila. Os restantes membros serão nomeados no Outono do próximo ano.
A escolha de González deverá inviabilizar a nomeação de um português para este grupo, em respeito da diversidade geográfica que foi ontem exigida por vários países da Europa Central.
De acordo com o mandato ontem aprovado, o grupo de reflexão terá de apresentar um relatório em Junho de 2010 identificando os desafios que se colocam à UE no futuro próximo, com excepção das questões institucionais - encerradas no Tratado de Lisboa - da reforma do orçamento e das políticas comuns, que prosseguirá em paralelo.
A decisão de ontem constitui uma clara vitória para o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, que impôs a criação do grupo, sob pena de bloquear a continuação das negociações de adesão com a Turquia. A ideia, frisou, é permitir "uma reflexão sobre o novo sonho europeu" que deverá substituir aquele que foi concebido depois da Segunda Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, o mandato aprovado não impede que a reflexão inclua a questão explosiva da definição das fronteiras da UE e o lugar da Turquia, o grande objectivo de Sarkozy, para quem Ancara "não tem lugar na Europa". "Quando se reflecte sobre a possibilidade de um novo sonho europeu no horizonte 2020-2030, é claro que a questão das fronteiras terá de ser colocada", sublinhou o Presidente francês.
Finalmente, a escolha de González também reforça a posição de Sarkozy, já que o ex-primeiro-ministro espanhol defendeu, não há muito tempo, que a Turquia não deve aderir à UE.