Alexandra Marques, in Jornal de Notícias
Todos os dias mais de seis mil jovens dos 15 aos 24 anos infectam-se ou são infectados pelo vírus da sida. A estimativa é responsabilidade dos investigadores Frade, Marques e Martingo num estudo de 2006, no qual é ainda confirmado que "apesar de conhecerem os riscos que correm, muitos jovens não usam preservativos".
Ambas as informações figuram no artigo "Sexualidade, Comportamentos Sexuais e VIH/sida" de Sónia Pereira, Marta Morais e Margarida Gaspar de Matos, no boletim "Sexualidade, Segurança e Sida" que será distribuído em Fevereiro.
O artigo menciona que estar informado não garante um acto protegido. "A relação entre a informação e a acção (o comportamento) não tem um sentido único", referem Camargo e Botelho numa sua investigação de 2007. Ou seja, mesmo sendo detentor de "um grau avançado de informação sobre as vantagens da utilização do preservativo, isso não garante que, numa relação sexual, o indivíduo o irá utilizar".
Além do não uso do preservativo, outro factor problemático relaciona-se com a falta de comunicação dos adolescentes com os familiares mais velhos.
Segundo o estudo " Com uma voz o silêncio de jovens e adolescentes norte-americanos sobre a gravidez precoce", de B. Albert, (2007), alguns adolescentes não falam sobre a sua sexualidade por medo que os pais descubram que já têm vida sexual activa ou percebam que estavam sob o efeito de drogas ou álcool quando tiveram relações.
Segundo o investigador de Washington, nos EUA, "a família tem um papel fundamental na escolha por parte do adolescente, de comportamentos saudáveis ou de risco". Conclui, contudo, que "muitos pais precisam de ajuda, quando se trata de falar sobre sexualidade, pois não sabem como começar a conversa, o que dizer e como dizer".
Outros afirmam não ter conhecimentos teóricos sobre a eficácia ou as especificidades de alguns meios de contracepção.
Riscos a dobrar
Os especialistas concluiram também que "os adolescentes recorrem cada vez mais a práticas de sexo oral e anal para evitar uma gravidez indesejada". No entanto, fazem-no "quase sempre sem qualquer protecção".
Como lembram as autoras referidas, "Portugal mantém o segundo lugar dos países europeus com maior taxa de gravidez na adolescência". Mesmo sabendo-se que "as raparigas entre os 15 e os 19 anos têm o dobro da probabilidade de morrer no parto do que as raparigas acima dos 20 anos".
Os filhos de mães adolescentes têm também "uma probabilidade 1,5 vezes maior de morrerem antes de completarem um ano de idade" quando comparados com os nados-vivos de mães adultas.
Apesar da gravidade destas consequências, o investigador norte-americano realça que "muitas adolescentes não imagiam como seria a sua vidase engravidassem e referem nunca terem reflectido sobre o assunto.