Alexandra Marques, in Jornal de Notícias
Primeiro-ministro confia na força da economia portuguesa
O primeiro-ministro mostrou-se ontem confiante que, ultrapassada "a crise orçamental dos últimos anos", a economia portuguesa ficou "mais bem preparada para enfrentar os desafios e as incertezas da economia global" que EUA e Europa perspectivam para 2008.
Na mensagem de Natal aos portugueses, José Sócrates falou de resultados positivos em 2007, colocando à cabeça o crescimento económico "já próximo dos 2% - o maior dos últimos seis anos", e a reforma da Segurança Social que permitiu a Portugal sair "da lista dos países de alto risco", isto é, dos Estados incapazes de assegurar a futura sustentabilidade do sistema.
O chefe de Governo colocou o desemprego no topo das situações mais graves do nosso país - "é o problema social que mais me preocupa", disse -, contrapondo, porém, que segundo o INE (Instituto Nacional de Estatística) já foram criados, desde 2005, e "em termos líquidos, 106 mil novos empregos".
Sobre "o mais grave problema estrutural" do país, "o défice das qualificações", o primeiro-ministro aludiu aos mais 17% de alunos no ensino superior e aos 360 mil adultos inscritos no programa Novas Oportunidades - elogiados por um esforço que Sócrates considerou louvável.
Numa mensagem similar, em muitos pontos, aos discursos que costuma levar à Assembleia da República, Sócrates mostrou orgulho pelo maior triunfo da presidência portuguesa da União Europeia (UE) o Tratado de Lisboa. "Podemos dizer com orgulho que deixamos uma Europa mais forte", afirmou.
"O maior aumento do salário mínimo da década" e o complemento para "os idosos mais pobres que desta forma contarão com o apoio do Estado", entre outras medidas, foram também apontadas como exemplo do esforço do Governo - tendo em conta as limitações orçamentais - de promover "novas políticas sociais" de sucesso.
Nas três páginas de texto, o primeiro-ministro não deixou, assim, sem resposta muitas das questões colocadas há um ano pelo presidente da República, Cavaco Silva, que pediu ao Governo resultados, por exemplo, nas contas públicas e na reforma do ensino.
Já há dois anos, na primeira mensagem de Natal como primeiro-ministro, Sócrates tinha sido menos afirmativo apontou os objectivos do Governo, referiu que os problemas tinham começado a ser enfrentados e no final realçou a sua solidariedade para com os mais desfavorecidos.
No ano seguinte, Sócrates surgiu mais confiante, repetiu as melhorias alcançadas em áreas diversas da governação, apelou ao empenho colectivo porque, justificou, "nenhum país progride sem o esforço maior de todos os seus cidadãos".
Agora, foi o tempo de começar a mostrar resultados. E de apontar o caminho das políticas sociais. Com uma frase simbólica, de combate à Esquerda e à Direita "Há quem diga que tudo isto é pouco ou que conta pouco. Será sempre pouco, é verdade, para quem não precisa ou para aqueles que apenas insistem em desmantelar a protecção social que o Estado tem a obrigação de garantir na nossa sociedade."