Eduarda Ferreira, in Jornal de Notícias
Bebedeiras mais na moda entre jovens. Cerveja marca esta tendência
O consumo excessivo de várias bebidas na mesma ocasião registou aumento entre os jovens portugueses.
Jovens portugeses nascidos em 1991 revelavam há dois anos uma tendência crescente para o consumo excessivo de bebidas alcoólicas numa mesma ocasião, indicando a um inquérito europeu feito em 35 países uma prevalência elevada de ingestão nos últimos 12 meses e no mês mais recente. Em contrapartida , essas respostas dadas por mais de 13 mil estudantes de 561 escolas revelam um decréscimo ou estabilização do recurso a cigarros, drogas ilícitas e tranquilizantes ou sedativos sem receita médica.
Portugal surge em terceiro lugar (seguindo-se à Ilha de Man e a Malta) nas respostas em que jovens de 16 anos revelam terem tomado cinco ou mais bebidas numa mesma ocasião nos últimos 30 dias.
De 2003 para 2007 a percentagem destes bebedores excessivos, ainda que ocasionais, aumentou de 25% para 56%. O número de respostas indica um aumento significativo deste hábito também face ao ano de 1995 (o primeiro de um estudo desta natureza). Relativamente a 1995 há um salto significativo de 15% para cerca de 60%. Neste novo hábito não há grande diferença entre rapazes e raparigas (47% para 39% respectivamente).
O vinho contribui para acentuar essa escalada, mas é a cerveja que tem notória presença no aumento.
A coordenadora do estudo europeu em Portugal, Fernanda Feijão, coloca duas questões metodológicas para explicar o fenómeno ou os números: o inquérito foi feito nos primeiros dias de Maio, depois de umas férias de Páscoa, em que muitos estudantes viajaram em excursões de curso, propícias a experiências com álcool; por outro lado, os copos usados noutros países, nomeadamente para a cerveja, têm mais capacidade que os portugueses e as perguntas referiam unidades, não centilitros.
Em termos de reservas aos resultados, é o próprio estudo europeu a indicar que apenas 80% da população com 16 anos estava inserida em meio escolar e foi neste que o inquérito foi feito. Também no caso português ficaram de fora os estabelecimentos de natureza religiosa e militar, por falta de autorização.
Se o consumo de álcool aumentou na faixa dos 15-16 anos, verificou-se em 2007 que baixou o consumo do tabaco (19% de fumadores neste grupo). A taxa é das mais baixas na Europa.
Já no campo do consumo de droga, os jovens portugueses desceram o recurso à cannabis e estabilizaram nas drogas duras.