in Jornal Público
O bispo do Porto, D. Manuel Clemente, defendeu ontem que "a grande solução" para o problema da sida "é comportamental". Ou seja, o preservativo é um "expediente" que poderá ter "o seu cabimento nalguns casos".
"Expedientes são expedientes, mas a grande solução para o problema da sida, como para outro tipo de problemas, tem que ser comportamental e portanto não devemos confundir o que é um expediente e o que é a solução. São coisas diferentes", sustentou ainda D. Manuel Clemente.
"A solução [para o problema da sida] é de outra ordem: é comportamental", reiterou.
Num comunicado disponível no site da sua diocese, o bispo de Viseu, Ilídio Leandro, defende que, quando os doentes infectados com sida têm uma vida sexual activa, têm uma "obrigação moral de se prevenir e de não provocar a doença na outra pessoa".
"Aqui, o preservativo não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório", afirma o bispo, alegando, no entanto, que o Papa tem defendido a sua doutrina, pelo que considera natural que não afirme que "banaliza o valor, o sentido e a vivência da sexualidade".
O Papa Bento XVI disse na semana passada, numa viagem oficial que fez a alguns países africanos, que a sida não se combate só com dinheiro "nem com a distribuição de preservativos que, ao contrário, aumentam o problema".
Dias depois, o bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, defendeu que "proibir o preservativo é consentir na morte de muitas pessoas" e que as pessoas que aconselham o Papa deviam ser "mais cultas".