31.3.09

Crise é oportunidade, diz José Sócrates

Alexandra Inácio, in Jornal de Notícias

O primeiro-ministro anunciou, esta segunda-feira, a requalificação de 31 escolas básicas de 2.º e 3.º ciclos como uma medida de combate ao desemprego, porque a crise, defendeu José Sócrates, também é uma "oportunidade".

O Ministério da Educação assinou, ontem, no Centro Escolar de Caparide, em Cascais, protocolos com 28 autarquias para a requalificação de 31 escolas básicas. O programa foi antecipado alguns meses porque o Governo "tem pressa".

"Temos pressa porque a crise económica exige essa pressa; porque há muita gente cujo emprego vai depender de termos rapidamente essas obras em execução; e há muitas empresas que estarão ou não em actividade no final do ano em função da nossa diligência de colocar essas obras no terreno", afirmou José Sócrates.

Primeiro-ministro, ministro das Finanças e ministra da Educação apresentaram-se com um discurso bem afinado: primeiro, Teixeira dos Santos defendeu que o país deve "aproveitar a crise como uma oportunidade"; depois, José Sócrates insistiu que o investimento público é a melhor estratégia "para dar mais emprego aos portugueses"; por fim, Maria de Lurdes Rodrigues frisou aos jornalistas que "basta fazer as contas" para se apurar quantos postos de trabalho podem ser criados com a requalificação das escolas. De acordo com a ministra, no âmbito do programa de modernização das secundárias, em média trabalham em cada estabelecimento "entre 100 a 125" trabalhadores - ou seja, o JN fez as contas e a intervenção nas 31 escolas pode representar entre 3100 e 3875 postos de trabalho. O que "em muitos concelhos pode significar a sobrevivência da economia local", sublinhou Lurdes Rodrigues.

José Sócrates esclareceu, ainda, que o Governo vai reforçar o investimento em "três áreas essenciais": além da "recuperação de escolas", a "energia e as redes de infra-estruturas de banda larga". Um esforço financeiro, insistentemente justificado por ser a "resposta mais inteligente e mais forte à crise económica".

Mais, insistiu o primeiro-ministro: esse investimento público só é possível por "nos últimos anos" o Governo "ter feito o que devia - pôs as contas públicas em ordem". "Não quero nem pensar qual seria a situação portuguesa senão tivéssemos margem de manobra para este investimento", prosseguiu.

O programa inclui mais 19 escolas de 2.º e 3.º ciclos que não participaram ontem na cerimónia porque já assinaram o protocolo ou porque o processo está nas direcções-regionais de Educação. O ME começou a reunir com as autarquias e direcções regionais em Janeiro. As 50 escolas "mais degradadas" vão ser requalificadas.