João Manuel Rocha, in Jornal Público
No fim do mês havia 469.299 desempregados registados. No Algarve subida foi de 40,5 por cento
Há mais de cinco anos que o número de desempregados inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) não crescia tanto como no passado mês de Fevereiro. Os 469.299 desempregados registados no final do mês representam uma subida de 17,7 por cento face a Fevereiro de 2008, um acréscimo homólogo que só é superado pela subida de 19 por cento verificada em Dezembro de 2003.
O número de desempregados inscritos no fim de Fevereiro era superior em 70.720 ao mesmo mês do ano passado e subira 21.333 face ao mês anterior -um acréscimo de 4,8 por cento. A maior parte dos desempregados, 67,6 por cento, estavam inscritos há menos de um ano.
Os efeitos da crise no mercado de trabalho estão a fazer-se sentir em todas as regiões, com o aumento do desemprego tanto em termos anuais como mensais. O Algarve, com uma subida de 40,5 por cento face a Fevereiro de 2008, é a região mais penalizada. Mas a Madeira, 22,8, o Centro, 18,6, e o Alentejo, 18, apresentam variações superiores à média nacional. Relativamente a Janeiro deste ano, a maior subida ocorreu na Madeira, com 8,6 por cento.
O desemprego tem subido em pessoas de todos dos graus de instrução, mas está a ser particularmente severo para os que têm o 6.º ano de escolaridade, com uma subida homóloga de 25,4 por cento, e o 9.º ano, com um aumento de 24,2 por cento. O crescimento é menor, 5,3 por cento, entre os que têm formação superior.
Quatro grupos profissionais somam, no seu conjunto, 44,8 por cento do total de desempregados: "trabalhadores não qualificados dos serviços e comércio" (57.465), "pessoal dos serviços de protecção e segurança" (52.627), "empregados de escritório" (49.020) e "trabalhadores não qualificados das minas, construção civil e indústrias transformadoras" (44.036).
Estado amortece subida
A administração pública, incluindo educação, saúde e apoio social, é uma das raras áreas que, face ao período homólogo, resistiram ao desemprego: face a Fevereiro de 2008, o número de inscritos baixou 4,8 por cento, mas relativamente a Janeiro passado verifica-se já uma subida de 0,5 pontos. Só um outro sector teve um comportamento positivo: as indústrias do couro, com uma quebra homóloga de 2,6, embora também tenha registado uma subida mensal de 2,3 face a Janeiro.
O agravamento da situação era "expectável", segundo o secretário de Estado do Emprego, Fernando Medina. "Estamos num ano que é reconhecidamente difícil em matéria de emprego, mas temos a expectativa de que poderemos ter alguma recuperação dentro de alguns meses", disse à Lusa.
O PSD, que prevê piores resultados nos próximos meses, considera que esta subida "não é surpreendente" e apelou ao Governo para que considere as suas propostas para "aumentar a liquidez das pequenas e médias empresas". O PCP, que considera a situação "extremamente preocupante", defendeu o aumento do subsídio de desemprego. O CDS também reclama a alteração das regras de atribuição do subsídio, com medidas como a majoração da prestação para famílias em que marido e mulher estejam sem trabalho. Para o BE, as estatísticas obrigam o Governo "a acordar", adoptando medidas de apoio aos desempregados.