Carla Soares, in Jornal de Notícias
Mercado alternativo está a crescer, sobretudo na Invicta, e a oferta duplicou
O mercado de arrendamento está a emergir no Grande Porto, sobretudo na Invicta.
Os números de 2008 mostram que a oferta de casas duplicou e a procura acompanha a tendência. A previsão é a de que as rendas irão baixar.
Da análise apresentada pela Confidencial Imobiliário, na feira do sector - a Imobitur - que decorre até hoje na Exponor, destaca-se o crescimento do mercado de arrendamento, que começa a consolidar-se em vários concelhos da Área Metropolitana. Isto segundo a informação estatística obtida a partir da base de dados do portal LardoceLar.com, para a qual contribuem mais de 1700 mediadores.
Para oferta, seis municípios totalizavam, no final do ano passado, 3300 fogos, o dobro do que em 2007. Só a cidade do Porto representa 55% desse mercado, seguida de Matosinhos e de Gaia. Os três perfazem 85% da oferta. Com menos percentagem, surgem os municípios da Maia, de Valongo e, por último, Gondomar.
As rendas têm se mantido estáveis, com ligeiras subidas ou descidas, consoante a zona. As mais caras são as praticadas em Nevogilde, Foz e Aldoar, chegando aos 10 euros por metro quadrado. A freguesia de Matosinhos surge logo em seguida, onde as rendas atingem, no máximo, os nove euros por metro quadrado, mas situando-se numa média de 7,8 euros. Em Gaia, os valores de oferta são mais baixos. Nas zonas mais baratas, rondam os 4,5 euros.
Ao JN, António Gil Machado, que fez a apresentação dos resultados, destacou, precisamente, o facto de "crescer a oferta e a procura de arrendamento", tendência registada ao longo do ano e cada vez mais acentuada. "Sentimos isso quando falamos com os promotores. E era útil que o Governo se dedicasse mais ao arrendamento, dando mais segurança jurídica" ao mercado, defendeu, exemplificando com o "ónus de ter um inquilino que deixa de pagar renda e continua mais um ano ou dois" até que a justiça funcione.
O arrendamento "é cada vez mais uma alternativa" para quem compra e quer dar destino aos seus imóveis e para quem precisa de casa, concluiu António Gil Machado. Na cidade do Porto, destacou, haverá neste momento já um "stock de 2500 fogos para oferta".
Também Ricardo Guimarães, director da Confidencial Imobiliário, destacou o arrendamento. "Continuará a subir. Mas não sei como irão evoluir as rendas", ressalvou, embora prevendo que o arrendamento nas zonas periféricas, como Valongo, Gondomar ou Maia, irá forçar uma baixa nas rendas nos outros locais.
O responsável admite, ainda, que a crise esteja a levar particulares a colocar casas no mercado de arrendamento. Uma vez que "não podem vender abaixo da dívida recente" ao banco, preferem pagar as prestações com a renda.
Outra conclusão do estudo, no caso da venda de casas, é a "resistência" em baixar preços. E isto "paga-se com menor nível de transacções", aliado "à dificuldade obtenção de crédito", explicou António Gil Machado. Ricardo Guimarães nota, por sua vez, que estamos perante "um mercado em mudança", com "os proprietários a compreender que têm de ajustar os preços, a procura a ir para gamas baixas, e a promoção a travar fortemente, com uma queda muito grande do que será a produção futura de fogos novos". O que irá "ajudar a equilibrar o mercado a prazo". O "lado" saudável é o "lançamento do arrendamento", contrapôs.