17.5.10

Europa não tem "autoridade moral" para falar de direitos humanos

in Jornal de Notícias

O ministro dos Negócios Estrangeiros cubano, Bruno Rodríguez, afirmou hoje, segunda-feira, que o seu Governo não reconhece à União Europeia "nenhuma autoridade moral para tratar de questões de direitos humanos" na ilha.

Em declarações em Madrid, Rodríguez considerou que enquanto se mantiver a posição comum da UE para a ilha "não será possível a completa normalização das relações" entre os 27 e Cuba.

O responsável pela diplomacia cubana afirmou, em entrevista à Telecinco, que "Cuba reconhece na presidência espanhola da UE um interlocutor válido".

"Temos tido comunicações fluidas, apesar de ainda existirem importantes diferenças entre a UE e Cuba, particularmente desde que foi aprovada a posição comum imposta pelo primeiro-ministro (José María) Aznar seguindo a política do presidente Clinton em 1996", declarou.

"Cuba é um país soberano, como Espanha, que não reconhece à UE nenhuma autoridade moral para tratar de questões de direitos humanos em Cuba", insistiu.

Negando que no seu país haja presos políticos, Rodríguez afirmou que em Cuba "existem detidos como em qualquer parte do mundo, pessoas julgadas por actos ilegais tipificados em leis prévias e sancionados em processo ordinários por tribunais civis".

Apesar do tema de Cuba não integrar a agenda da cimeira UE-América Latina e Caribe, que decorre na terça-feira, em Madrid, Rodriguez considera que o encontro falará "indirectamente" sobre a ilha.

"Estou certo, por exemplo, de que nesta cimeira se falará da completa vigência dos princípios de Direito Internacional, incluindo a não ingerência nos assuntos internos e a igualdade soberana dos Estados", disse.