in Correio do Minho
A ministra do Trabalho e da Solidariedade Social, Helena André, defendeu hoje, no Porto, que a redução da pobreza e da exclusão social não cabe apenas ao Estado, porque essa 'seria a via para liquidarmos o nosso modelo social'.
'Estamos perante desafios que implicam exercícios de direitos e assunção de deveres para todos, ninguém pode ficar de fora, sobretudo as pessoas mais diretamente envolvidas', frisou a ministra na abertura do XI Encontro Nacional de Fundações.
Segundo Helena André, 'erradicar a pobreza e atingir patamares mais justos e equitativos na distribuição da riqueza e na redução das desigualdades só será possível se partilharmos a utopia'.
'Em Portugal temos de reconhecer que muito tem sido feito para reduzir os níveis de pobreza e de exclusão social, mas temos consciência que muito caminho existe para percorrer', disse, sustentando que 'a inclusão social continua a ter de estar no centro da nossa agenda'.
Em primeiro lugar, acrescentou, 'no domínio da não estigmatização dos que se encontram em situação profissional e social grave, em segundo lugar, e mais importante, nos reforços dos meios ao nosso dispor para que possamos introduzir princípios de justiça e de rigor que reforcem a coesão social e a solidariedade'.
O conceito de utopia na erradicação da pobreza tinha sido lançado por Emílio Rui Vilar, presidente do Centro Português de Fundações, que a comparou a abolição da escravatura a 'uma utopia que se tornou realidade'.
'O mundo tem recursos para lidar com a pobreza. São produzidos bens alimentares suficientes para erradicar a fome, sendo apenas necessária uma distribuição mais racional e equitativa', considerou Rui Vilar.
Por outro lado, acrescentou, 'existe conhecimento científico e tecnológico disponível, que devemos usar numa lógica de mudança'.
'Quando a dignidade humana está em risco não chega mitigar os problemas, é necessário atacar as suas causas', frisou.
Em seu entender, é 'na capacidade empreendedora e na auto-responsabilização, individual e coletiva, que residem os ingredientes necessários para a resolução dos problemas de desenvolvimento das sociedades'.
Referiu que Portugal é 'um dos países da União Europeia que apresenta maior desigualdade na distribuição de rendimentos. A parcela auferida pela faixa dos 20 por cento da população com rendimentos mais elevados é mais de seis vezes superior à auferida pelos 20 por cento da população com rendimentos mais baixos'.
O problema da inclusão social e a melhor forma de o combater no atual contexto da crise económica é o tema central da discussão do XI Encontro de Fundações, a decorrer até sábado, na Fundação Engenheiro António de Almeida, no Porto.