Paula Teixeira, in Jornal de Matosinhos
A ministra do Trabalho e Solidariedade Social defendeu, na passada sexta-feira, uma “Euro-pa mais unida” para fazer face aos “ataques especuladores” que têm como “presas” preferenciais a Grécia, Portugal e Espanha. A governante falou da Europa no âmbito das Comemorações do Dia da Europa que se centraram em Matosinhos na passada semana até domingo.
“Precisamos de ter uma Europa mais unida e mais solidária, para poder fazer face àquilo que têm sido os ataques especuladores contra alguns países, inclusivamente contra Portugal”, afirmou Helena André, na abertura das comemorações em Portugal do Dia da Europa.
De acordo com a ministra, são os mesmos especuladores que estive-ram na origem da crise que agora atacam economias da Zona Euro: “Neste momento em que atravessamos a mais grave crise financeira desde os Anos 20 do século passado, precisamos de mais Europa e não de menos Europa”, disse.
Helena André salientou que “o desemprego é, claramente, a face mais visível desta crise”, a cujas consequências sociais “a Europa tem tido capacidade de resistir melhor” devido à “almofada” das suas políticas sociais.
“A Europa, com as suas políticas sociais, é o modelo de referência para o Mundo”, considerou a governante, defendendo, contudo, a necessidade de “reformular o modelo social europeu”, ao mesmo tempo que se enfrenta a crise. A ministra referiu que, nesta fase, se deve “preferir o emprego aos subsídios”, “o bom emprego ao emprego precário” e “uma distribuição de re-cursos mais equitativa e mais justa”.
Para Helena André, o novo ou os novos modelos sociais europeus devem ter em conta que “nos próximos anos a destruição de emprego será intensa”.
A governante alertou, contudo, para a “ilusão da pretensa convergência num modelo global”, notando que as diferentes regiões do planeta têm especificidades próprias.
A sessão, centrada no Ano Europeu Contra a Pobreza e Exclusão Social, contou também com a presença do comissário europeu para o Emprego, Assuntos Sociais e Exclusão, László Andor, que voltou a considerar “inaceitável” que “quase 84 milhões de europeus” vivam abaixo do limiar da pobreza.
Matosinhos “vestiu” as cores da Europa com um programa de iniciativas que se centraram numa tenda montada no jardim Basílio Teles, em frente à Câmara de Matosinhos, com o “Evento Circo - Sabe que a Europa social pode fazer por si?”.
Tratou-se de um evento de animação, centrado numa tenda inspirada e ilustrada por imagens de circo, no âmbito do qual 23 organismos e programas europeus apresentarão as suas acções no domínio educativo e social. Durante três dias, escolas artísticas de diversos pontos do país, fizeram as suas apresentações e foram exibidos projectos europeus nas áreas artísticas e de inclusão social.
Estiveram presentes nestas comemorações a chefe da representação da Comunidade Europeia, Margarida Marques, de os embaixadores do Ano Europeu do Combate à Pobreza e à Exclusão Social, a modelo Tasha de Vasconcelos e o actor Ricardo Pereira que visitaram, na manhã de sexta-feira, Da parte da manhã, duas instituições que aco-lhem crianças consideradas em situa-ção de risco: Casa do Caminho, na Senhora da Hora, e Obra do Padre Grilo, Matosinhos.
A Casa do Caminho, constituída em 1988, acolhe cerca de 60 crianças dos zero aos seis anos em perigo, vítimas de maus tratos, negligência e outras formas de violação do seu desenvolvimento ou dos seus direitos, sendo a primeira Unidade de Emergência Infantil criada a norte.
Já a Obra do padre Grilo acolhe menores do sexo masculino, entre os três e os 18 anos, sem família ou abandonados, tendo por objectivo procurar criar condições que permitam o acolhimento integral e harmonioso de cada um até à concretização do seu projecto de vida.