Isabel Patrício, in Jornal Económico
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Peso dos despedimentos no novo desemprego aumentou no final de 2022
Cerca de 12% das inscrições feitas no IEFP ao longo de dezembro dizem respeito a indivíduos que foram despedidos. É mais do que em novembro e do que há um ano. Precariedade continua, ainda assim, a ser o principal motivo de desemprego.
A precariedade continua a ser o principal motivo que leva os portugueses ao desemprego, mas o peso dos despedimentos tem aumentado. Entre as inscrições feitas ao longo de dezembro nos centros do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), mais de 12% dizem respeito a indivíduos que foram despedidos. No mês anterior, essa fatia nem chegava aos 11%, e há um ano era um ponto percentual mais baixa do que o valor registado ao longo do último mês de 2022.
De acordo com os dados disponibilizados pelo IEFP, ao longo de dezembro, cerca de 42 mil desempregados inscreveram-se nos centros localizados no continente. Destes, 23.223 foram atirados para essa situação porque os seus contratos de trabalho não permanentes chegaram ao fim, ou seja, a maioria das inscrições (54,7%) resultaram do fim de contratos a prazo, o que acontece, regra geral, todos os meses.
Já o segundo motivo mais frequente para as inscrições nos centros de desemprego foram os despedimentos: dos tais 42 mil desempregados, 5.225 foram despedidos, o equivalente a 12,3% do universo total.
No mês anterior, os despedimentos correspondiam a 10,9% das inscrições e há um ano a 11,3%. Ou seja, houve um aumento do peso dos despedimentos no novo desemprego tanto em cadeia, como em termos homólogos: 1,4 pontos percentuais e 1,0 pontos percentuais respetivamente.
Por outro lado, recuou a fatia de inscrições resultantes da passagem da inatividade ao desemprego. Convém explicar que os inativos são indivíduos que não têm emprego, mas não procuram trabalho ou não estão disponíveis para trabalhar. Ora, quando passam a procurar uma nova oportunidade laboral ou mostram abertura para regressar ao mercado de trabalho, são, então, considerados desempregados.
Ao longo de dezembro, chegaram aos centros do IEFP 3.155 desses ex-inativos, o que equivale a 7,4% das inscrições feitas nesse mês, menos 1,8 pontos percentuais do que em dezembro e menos 1,5 pontos percentuais do que há um ano.
Já o peso dos indivíduos que se despediram no total do novo desemprego caiu em cadeia (0,4 pontos percentuais), mas aumentou em termos homólogos (1,2 pontos percentuais). Em causa estão 2.149 inscrições, sendo este o quarto motivo mais frequente.
Há cinco meses consecutivos que o número total de desempregados inscritos no IEFP tem aumentado. Em dezembro, ultrapassou a barreira dos 300 mil pela primeira vez desde abril. Os empresários dizem que é um sinal a ter em conta, mas o Governo tem desvalorizado. Em entrevista ao Jornal de Negócios, a ministra do Trabalho sublinhou que a subida do desemprego ainda não é relevante.
Os economistas, para já, também dizem que não estão preocupados, mas, tal como escreveu o Jornal Económico, já admitem novos aumentos da taxa de desemprego, nos próximos meses.