5.12.14

85 milionários têm tanto dinheiro como 3,5 mil milhões de pobres

por Valentina Marcelino, in Diário de Notícias

O ex-presidente da República Jorge Sampaio salientou as desigualdades do mundo e criticou as políticas de austeridade.

Na sessão de abertura das Conferências de Lisboa, que decorrem hoje e amanhã na Fundação Calouste Gulbenkian,em Lisboa, Sampaio partilhou "reflexões" e "perplexidades" com a plateia esgotada do auditório.Uma delas foi o "aumento das disparidades e das desigualdades ao longo das últimas décadas", tanto na Europa, como nos países em vias de desenvolvimento. "Segundo dados da OXFAM, os 85 multimilionários mais ricos do mundo concentram a mesma riqueza que os 50% mais pobres", ou seja, "85 pessoas dispõem de tantos recursos como as 3,5 mil milhões de pessoas mais pobres".

Sem referir Portugal em particular, o ex-presidente da República lembrou ainda o Relatório de Proteção Social no Mundo 2014/2015, da Organização Internacional de Trabalho, que revela "os efeitos sociais mais visíveis das medidas de austeridade tomadas por alguns Governos europeus, na sequência da crise financeira internacional de 2008". No seu entender, "não podemos ignorar que em 2012 havia 123 milhões de pessoas nos 27 estados membros, 24% da população, em risco de pobreza ou exclusão social e que havia mais de 800 mil crianças do que em 2008, que passaram a viver na pobreza".

Sampaio alertou em particular para os países do sul da Europa e Irlanda, como exemplos do efeito da "aplicação drástica e severa, de medidas de austeridade centradas no curto prazo e unicamente movidas pelo intuito da redução dos défices".

Nesta sessão, foram também oradores Artur Santos Silva, presidente da Gulbenkian, Luís Amado, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e presidente da Comissão Organizadora das Conferências e Isaac Murargy, secretário executivo da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP).