13.11.15

Governo da Madeira quer fazer levantamento para atualizar dados sobre sem-abrigo

In RTP Notícias

A secretária regional da Inclusão e Assuntos Sociais da Madeira anunciou hoje que o executivo pretende fazer um levantamento para atualizar o número dos sem-abrigo no arquipélago e vai reforçar o apoio às instituições que trabalham nesta área.

"Temos de ter em atenção esta problemática, faz parte do programa do governo. Vamos, no próximo ano, encetar o nosso plano de apoio e de levantamento, porque neste momento não está atualizado - temos só dados de 2014 -, para perceber quem são os nossos sem-abrigo", disse Rubina Leal Vargas aos jornalistas, no âmbito de uma visita à Associação Protetora dos Pobres, uma instituição de solidariedade conhecida por "Sopa do Cardoso", no Funchal.

Segundo os dados do Instituto de Segurança Social, no final de 2012 existiam na Região Autónoma da Madeira 118 pessoas referenciadas como sem-abrigo, sendo 97 homens e 21 mulheres.

A governante considerou que é preciso falar deste problema "sem medos nem vergonhas" e salientou que esta instituição, fundada em 1889, "tem um grande trabalho feito", trabalhando as questões associadas à pobreza com várias valências, entre as quais o centro de acolhimento, onde as pessoas podem "assegurar as suas necessidades básicas".

"Este ano, os acordos de cooperação [com esta associação] rondam os 500 mil euros e vamos, obviamente, continuar a apoiar, porque é um trabalho feito com os sem-abrigo, mas também com todas as outras questões de pobreza que por aqui passam", referiu a responsável, admitindo que os apoios atribuídos têm em conta o número de utentes e as valências e podem "ser ajustados conforme a problemática e a necessidade".

"Se for pertinente e importante, temos de aumentar o apoio", sublinhou.

Rubina Leal Vargas também anunciou que, respondendo a uma das pretensões da associação de alargar as instalações, no próximo ano o executivo vai deslocar os serviços de saúde (rastreio do cancro) que funcionam no local para outro espaço, o que permitirá "retirar as pessoas da rua", como as que aguardam junto à entrada para usufruir das refeições.

Agora, terão a possibilidade de aguardar, "de forma mais digna", numa sala no edifício.

"Tendo um espaço maior, caracterizando a população e criando uma rede de parceiros, estão reunidas todas as condições para podermos trabalhar com mais afinco esta problemática", opinou.

A secretária sublinhou que a Associação Protetora dos Pobres é a única que faculta os serviços de forma gratuita aos utentes.

A diretora da instituição, Luísa Pessanha, referiu que a instituição tem uma média de 400 utentes que utilizam os serviços com regularidade e mencionou que o desemprego é a principal causa para as pessoas recorrerem àquele espaço, onde chegam cada vez mais jovens.

O refeitório serve quatro refeições diárias (num total de cerca de 200) e entrega o jantar a quem quer levar para casa. O centro de acolhimento noturno tem capacidade para 24 pessoas, contando atualmente com 15 utilizadores.

A associação dispõe ainda de balneários, rouparia, lavandaria, ateliê ocupacional e gabinete de apoio social e está a desenvolver a valência do ensino recorrente.