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Presidente do Parlamento Europeu diz que a UE atravessa um "género de policrise", onde o sistema monetário não é estável, que inclui ainda a crise dos refugiados.
A Europa continua a ser uma "bicicleta, mas sem ar nos pneus". O alerta é do presidente do Parlamento Europeu, que receia uma união mais fraca devido às crises que atingem o continente europeu.
"Pela primeira vez na história da Europa, não é certo que a União Europeia (UE) saia destas crises mais forte. Pode acontecer que fiquemos ainda mais fracos", disse ao “Diário de Notícias” Martin Schulz, numa entrevista em que aborda as questões financeiras, a crise dos refugiados, o referendo sobre a permanência do Reino Unido na UE e a falta de unidade entre os Estados-membros.
"Continuamos a ser uma bicicleta, mas sem ar nos pneus. Temos inúmeros problemas para resolver. Continuamos a pedalar, mas os nossos instrumentos não estão na melhor forma", diz o alemão quando confrontado com a imagem de que integração europeia é uma "bicicleta" que tem de continuar a andar para evitar cair.
Schulz explica que aqueles que querem destruir a União Europeia estão a ganhar eleições e acusa a "maioria", que acredita na cooperação transnacional, de se manter em silêncio contra uma minoria hostil muito "ruidosa".
"Venceremos se a maioria silenciosa puder ser novamente mobilizada pelos ideais [europeus]. O espírito desta comunidade - de que juntos somos mais fortes - está a perder-se cada vez mais. E esse é um dos problemas", refere, acrescentando que se verifica uma falta de unidade entre os vários Estados.
Na entrevista ao jornal, o presidente do Parlamento Europeu diz que a União Europeia atravessa um "género de policrise", destacando que o euro é uma moeda forte, mas que o sistema monetário não é estável.
"Somos a região mais rica do mundo, mas a distribuição da riqueza não é justa nem equitativa", adianta.
A "policrise" segundo Schulz incluiu ainda a crise dos refugiados, um problema que, afirma, pode ser facilmente gerido distribuindo um milhão de pessoas pelos 500 milhões dos 28 Estados-membros.
"O que me irrita verdadeiramente é que alguns países que não estão a participar na redistribuição de refugiados e que contribuíram para criar esta crise, vêm depois criticar a União Europeia por não ser eficaz na gestão dos refugiados. Isto é mesmo cínico", acusa.
Sobre a permanência, ou não, do Reino Unido na UE, Schulz diz que os britânicos "são pragmáticos" e que a maioria vai votar "para ficar" na europa no referendo marcado para o dia 23 de Junho.