8.6.16

Startups vão acabar com a fome no mundo

Susana Lúcio, in "Sábado"

Uma em cada dez pessoas no mundo não come o suficiente, mas há novas ideias para alimentar todas as bocas que habitam no planeta

Cerca de 7,4 mil milhões de pessoas habitam a Terra e o número não vai parar de crescer. Segunda estimativa das Nações Unidas, em 2050 haverá mais 2,3 mil milhões de bocas para alimentar e o número dos que passam fome também vai multiplicar-se.

Mas o problema já está a ser resolvido por empresas com ideias inovadoras. A Roots Sustainable Agricultural Technologies, empresa israelita, inventou uma forma de aquecer as raízes das plantas e fazê-las crescer mais depressa.


"Se a diferença de temperatura acima e debaixo da superfície é muito grande, as plantas não são capazes de transportar os nutrientes de forma eficiente das raízes até às folhas", explicou Sharon Devir, fundador da empresa.
Para controlar a temperatura do solo a Roots instala tubos debaixo do solo por onde passa água quente ou fria, consoante a necessidade e poupa nos sistemas usados para aquecer as estufas tradicionais.

Os resultados são evidentes: mais 10 por cento de alfaces, 25 por cento de morangos e 30 por cento de manjericão. A empresa instalou a tecnologia em duas quintas em Espanha e procura investidores que injectem 3,5 milhões de euros para expandir o negócio.

Outra startup, a FoPo, criada por jovens alemães, aposta em aproveitar as cerca de 1,3 mil milhões de toneladas de comida que é desperdiçada todos os anos no mundo.

A ideia é recolher a fruta e os vegetais que são deitados ao lixo por estarem demasiado maduros e transformá-los em pó. Baseada em Bremen, Alemanha, a empresa já está a transformar as 27 toneladas de bananas atiradas ao lixo por um importador local.

"É absurdo que no século XXI um terço da comida é desperdiçada enquanto 800 milhões de pessoas têm fome", disse ao The Guardian, Gerald Pery Martin, co-fundador da FoPo.


A empresa quer começar a fornecer os alimentos em pó a organizações que prestam ajuda humanitária, mas planeia vender online as frutas e vegetais em pó ainda este ano.

Mas há mais. Outra empresa israelita, Sensilize, aproveitou os conhecimentos adquiridos nas forças militares e criou um sensor que, instalado num avião, mede a luz solar reflectida pelas culturas.

O chamado Robin-Eye analisa os diferentes espectros para determinar o nível de pigmentos: o verde da clorofila, o laranja dos carotenóides e o vermelho da antocianina. Esta informação indica o estado da saúde das culturas e permite prever problemas e agir com a ajuda de fertilizantes e pesticidas.


"O nosso sistema vai permitir trazer a Internet das coisas para as quintas", disse Robi Stark, co-fundador da Sensilize. A empresa vende os dados recolhidos a 1,7 euro por hectare para cereais e 13,4 euros por hectare para culturas com maior valor de mercado, como as uvas.