JAS, in Jornal de Notícias
Espaço está aberto à população em geral até ao próximo dia 16
"Esta não é uma tenda nem para pobres nem para ricos, o pão que aqui há é para todos". Henrique Pinto, director da Associação Cais, abria ontem, pelo quarto ano consecutivo, uma iniciativa que mais do que pretender resolver os males do Mundo, como a fome, tem uma óbvia carga simbólica.
"Pão de todos para todos" é o nome da iniciativa, que até ao próximo dia 16, na Alameda Afonso Henriques, em Lisboa, distribuirá pão (e também chocolate quente) a quem ali decidir ir. Não é preciso ser pobre nem sem-abrigo. A ideia é antes, promover a "gratuitidade e a partilha do que somos e temos de comum com todos, utilizando o pão como sinal e símbolo de que é possível coexistir na paz, sem que a ninguém falte o que é básico e necessário". Ou seja, e em sentido muito lato o pão.
Durante os próximos dias, a tenda branca montada a poucos metros da Fonte Luminosa, vai ser fábrica e lugar para encontros em redor do pão. A Cais di-lo claramente "Pão de todos para todos é sobretudo um evento socio-cultural". E assim ali haverá todos os dias , a partir das 14.30 horas, e na sequência da "partilha do pão" espectáculos a cargo de gente oriunda do Leste europeu, de África, da América Latina ou mesmo da Europa. Música, dança, debates fazem parte de um encontro interclassista e intercultural que pretende "derrubar preconceitos e desigualdades sociais", reunindo todas as pessoas em torno de um mesmo objectivo, "o acto da partilha".
Ontem foi o arranque da quarta edição desta iniciativa muito mais simbólica do que reivindicativa. É possível que nos próximos dias ali acabem por chegar pessoas para quem o simbolismo importa menos do que um bocado de pão verdadeiro, que ontem começou a ser distribuído na exacta forma de Portugal.
Dois enormes pães, desenhavam o país do Minho ao Algarve. Estiveram no forno quarto horas e pesavam muitos quilos. Depois da actuação de um grupo africano, que encenou o tema de Johny Cassh "Breaking BRead" (repartir o pão")"Portugal" foi cortado aos pedaços, distribuído, mastigado e engolido. Depois, mil balões subiram no ar.