in Jornal de Notícias
O presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, denunciou a existência de uma "onda de aproveitamento" da crise para gerar mais desemprego.
"Vemos muitas situações em que percebermos que se está a aproveitar este momento para não assumir as responsabilidades sociais", acusou, em Fátima. Por isso, entende que a preservação do emprego deve ser a "primeira prioridade" da crise, até porque "é condição fundamental de justiça e coesão social", disse.
Ainda assim, Oliveira Martins reconheceu que "esta não é a crise do costume", sendo "muito mais grave do que se supunha à primeira vista" e que obrigará Portugal a diminuir o seu nível de vida. "Temos de adequar os nossos comportamentos à riqueza que temos, não viver acima das nossas possibilidades", observou.
Pedindo maior atenção à situação das pequenas e médias empresas, Oliveira Martins apelou a uma boa selecção dos investimentos públicos, que não podem "sacrificar as gerações futuras". Nesse sentido, garantiu aos contribuintes que um escrutínio "com muito rigor, com muito cuidado" do dinheiro público, no âmbito do acompanhamento do Orçamento de Estado suplementar, cujas linhas mestras foram esta semana apresentadas pelo Ministério das Finanças.