Rudolfo Rebêlo, in Diário de Notícias
Previsões. O comércio mundial cai 2,8% este ano e afecta países ricos e pobres. Desemprego sobe em flecha e a reanimação económica, diz o Fundo Monetário Internacional, só em 2010
A economia na Zona Euro vai sofrer uma contracção de 2% este ano e demorará mais tempo a recuperar que o resto do Mundo, advertiu ontem o Fundo Monetário Internacional (FMI), atirando para 2011 o horizonte de uma retoma no Velho Continente. O pior para Portugal é que pela primeira vez é admitido que Espanha - destino de 27% das exportações nacionais - estará em recessão durante dois anos. A nível mundial, o Fundo antevê um crescimento de apenas 0,5% este ano, "o mais baixo desde a II Guerra Mundial".
As coisas agravaram-se nos últimos meses de 2008. "A continuação da crise financeira" levou os activos "a cair drasticamente". Isto diminuiu a riqueza e, em conjunto com o "elevado nível de incerteza", levou as "famílias e empresas a adiarem despesas", refreando o consumo e o investimento. "Ao mesmo tempo", refere o relatório do FMI, a contracção generalizada dos empréstimos bancários, reduziu os gastos domés- ticos, a produção industrial e o comércio.
Neste cenário, o comércio internacional vai cair 2,8%, quando ainda em 2007 registava uma expansão de 7,2%. O que acontece, pela primeira vez, desde o último conflito mundial.
As trocas de bens e serviços vão cair a pique. Como isto é possível? É que, em 2009, os países avançados - entre os quais, as nações integradas na Zona Euro - vão contrair as importações em 3,1% e cortar as exportações em 3,7%. Isto significa uma forte quebra na procura de matérias-primas para a indústria.
"A quebra na procura mundial tem levado a um colapso dos preços das matérias-primas", diz o FMI. Ou seja, os preços dos bens alimentares e dos combustíveis baixam por más razões, com a fraca procura a esmagar as vendas dos países produtores." Os preços do petróleo caíram mais de 60% desde o seu pico em Julho de 2008", refere o Fundo.
Os países emergentes ou as "economias em desenvolvimento" - algumas das nações são produtoras de matérias-primas - são também contagiados com a crise que surge do hemisfério Norte. O corte nas importações dos países ricos leva a um forte abrandamento da produção para o conjunto dos países emergentes: explicado por uma quebra de 0,8% nas exportações, países ricos leva a um forte abrandamento da produção para o conjunto dos países emergentes: explicado por uma quebra de 0,8% nas exportações, estas economias crescem apenas 3,3% em 2009, quando no ano passado aumentavam a um ritmo de 6,3%, o que provocará um forte crescimento do desemprego mundial. A Rússia, por exemplo, entra em recessão, com a economia a cair 0,7%, quando em 2008 crescia a um ritmo de 6,2%. A produção final da Europa central e de Leste recua 0,4%.
E até a China e a Índia registam fortes desacelerações, o mesmo sucedendo com o Brasil, embora mantendo taxas de crescimento elevadas.