20.1.09

Apoios financeiros a PME vão continuar

João Paulo Madeira, in Jornal de Notícias

Sócrates entende que investimento é mais eficaz do que baixa de impostos


O primeiro-ministro garantiu, esta segunda-feira, que as ajudas a pequenas e médias empresas vão continuar. Sócrates considera que o aumento do investimento é mais eficaz no combate à crise do que a redução de impostos.

Numa conferência da revista "Economist", em Lisboa, o primeiro-ministro revelou que as linhas de crédito PME Invest já foram utilizadas por 9400 empresas, tendo sido postos à disposição dessas sociedades 1750 milhões de euros. A última PME Invest III, especificamente dirigida a micro e pequenas empresas (até 50 trabalhadores), lançada há uma semana, já foi usada por 5387 empresas, o que significa que 44% das verbas já estão gastas, referiu.

Perante os resultados, José Sócrates avançou que "estas linhas de crédito vão continuar", uma vez que "são as empresas que dão emprego". "Não tenho a mínima dúvida de que ao ajudar estas empresas estamos a ajudar o país", frisou o primeiro-ministro, acrescentando que, numa conjuntura económica que "não tem precedentes históricos recentes", a "melhor resposta para defender o emprego é o Estado fazer mais investimento público".

"Perfilho da doutrina segundo a qual o mais importante, neste momento, é mais despesa pública para garantir o emprego", disse o chefe de Governo. Sócrates tem "mais confiança" no investimento do que no desagravamento fiscal. "Não é garantido que uma descida de impostos tenha efeito no emprego, a curto prazo".

Perante uma plateia de economistas e empresários, o chefe de Governo sustentou que o Executivo tem sido capaz de adaptar-se às diferentes realidades da crise financeira e económica. Em Junho, a prioridade foi ajudar as empresas e as famílias a braços com a inflação galopante dos produtos energéticos e a subida das taxas de juro. Depois, foi estabilizar o sistema financeiro e fazer "tudo o que estava ao alcance" para "evitar um desastre de consequências inimagináveis". Desde Dezembro, a prioridade é "combater pelo emprego".

Para o primeiro-ministro, esta preocupação "não é apenas uma responsabilidade política, mas também moral", já que "o Estado tem de fazer tudo ao seu alcance". Embora tenha referido que a discussão sobre a redução de impostos não lhe suscita particular interesse, Sócrates recordou que o Executivo já concretizou medidas de desagravamento fiscal, tendo enumerado a redução do IVA, do IRC do Pagamento Especial por Conta e do Imposto Municipal sobre Imóveis, no ano passado.

Sócrates recordou ainda que a Taxa Social Única paga pelas empresas vai descer para os trabalhadores com mais de 45 anos, em PME. Em conjunto, adiantou o primeiro-ministro, estas medidas representam uma redução de 1000 milhões de euros na receita fiscal.