Célia Marques Azevedo, in Jornal de Notícias
A "Europa sem barreiras", o lema escolhido pela República Checa na chefia da presidência da União Europeia, foi interpretado à letra por um artista plástico checo. David Cerny, em vez de convidar 26 criativos de outros tantos estados-membros, como o tinha acordado com a organização da presidência, inventou, ele próprio, as esculturas e os nomes dos autores.
O quadro gigante afixado no átrio do Conselho de Ministros da UE em Bruxelas é composto por mapas de países com figuras "provocadoras", julgam uns, e "hilariantes", acham outros, que representam de alguma forma a marca de cada país.
Portugal tem cinco nacos de carne com a forma das ex-colónias, Espanha está coberta de betão, a Suécia é uma caixa do Ikea, o Luxemburgo está à venda. Mas a mais polémica é a representação da Bulgária como sendo a latrina da Turquia. A diplomacia búlgara não gostou e exigiu a retirada da figura.
Mas a criatividade do artista foi mais longe e inventou nomes de artistas para cada país e o respectivo perfil. Este foi o detalhe que levantou a suspeita. Ninguém conhecia ou conseguia localizar os artistas referidos na brochura de apresentação da exposição.
Anteontem à noite, a presidência checa emitiu um comunicado oficial a dar conta da "surpresa desagradável" que foi constatar a falha do artista de Praga e atribuir-lhe a total responsabilidade pelo feito. Para hoje mantém-se a conferência de imprensa de apresentação e mais explicações sobre a exposição.