19.1.09

Recessão vai durar dois anos e será severa

in Diário de Notícias

Conferência. 'Economist' prevê contracção de 2% no PIB e défice de 4,5%
A economia portuguesa deverá atravessar uma recessão "severa" este ano, a par de uma "deflação suave" no contexto de um "exigente" ciclo eleitoral, antecipam os especialistas do Economist Intelligence Unit (EIU), que hoje participam numa conferência em Lisboa com empresários e membros do Governo.

Num relatório sobre Portugal, a equipa do grupo editorial da revista Economist prevê uma contracção de 2% do PIB este ano e de 0,1% no próximo, motivada pela quebra da procura interna e das exportações. As previsões divulgadas na sexta-feira pelo Governo são mais moderadas: apontam para uma quebra de 0,8% em 2009, seguida de uma expansão de 0,5% no próximo ano.

A recessão será acompanhada de uma "deflação suave", com os preços a caírem 0,3% em 2009. Esta baixa continuada nos preços é justificada com a fraqueza na procura e o facto do petróleo ter registado, em 2008, preços muito elevados.

A contracção da economia vai anular o esforço de consolidação orçamental, dizem os analistas, com dois anos de violação do limite de 3% imposto pelo Pacto de Estabilidade e Crescimento. O défice deve subir para 4,5% do PIB este ano e para 4,8% em 2010.

As previsões para o mercado de trabalho são também mais pessimistas. A taxa de desemprego, prevê o EIU, deverá subir para 8,8% este ano e 9% no próximo.

No plano político, o EIU antecipa o aumento da instabilidade, com o Partido Socialista a ganhar as próximas legislativas mas sem maioria absoluta, contra um PSD que continua a esforçar-se por parecer um "adversário sério". Prevista está também a "deterioração" das relações entre primeiro-ministro e Presidente da República. Até às eleições, Sócrates deverá centrar a sua actividade em medidas de amortecimento da crise.

O impacto da crise mundial em Portugal, as qualificações dos trabalhadores e a possibilidade do país se tornar num centro de investigação são alguns dos temas do encontro que decorre hoje e amanhã em Lisboa, à porta fechada. O primeiro-ministro e o governador do Banco de Portugal são alguns dos participantes na conferência da EIU, juntamente com um grupo de responsáveis de empresas como a Sonae, Alcatel, BES, Mota Engil ou SIBS. LUSA