Célia Marques Azevedo, in Jornal de Notícias
Retracção vai ser sentida, este ano, em 18 países da União Europeia, mas, no próximoano, apenas Portugal e Espanha vão continuar a ter crescimentos económicos
Portugal vai estar em recessão económica até 2010. A economia vai contrair-se nos próximos dois anos e o desemprego e o défice vão aumentar, só a inflação vai cotar-se a níveis baixos, mas "sem risco" de deflação.
A Comissão Europeia (CE) actualizou ontem, em Bruxelas, os números sobre a conjuntura económica para todos os países da União Europeia (UE), já que "os riscos" anunciados no exercício de Novembro "materializaram-se".
Bruxelas estima que a economia nacional vá encolher em 1,6% do PIB este ano e 0,2% no ano que vem. A retracção é sentida em 11 países da Zona Euro e 18 europeus. Mas, na perspectiva da manutenção das políticas económicas, como a CE faz questão de lembrar, em 2010, apenas duas economias da Euroárea registam crescimento negativo: Portugal e Espanha.
O ministro das Finanças justifica a diferença entre os números de Bruxelas e os do Orçamento de Estado Suplementar, dizendo que o Executivo nacional "valorizou mais os efeitos do pacote de medidas anti-crise" que o próprio Governo apresentou a 13 de Dezembro. Teixeira dos Santos diz que "não é claro que isso tenha sido tido em conta nas previsões da Comissão". A previsão económica da CE incluiu dados estatísticos recebidos até ao início da semana passada, segundo fonte comunitária.
Bruxelas atribui a "sensibilidade da economia portuguesa" à queda do mercado global e à "posição financeira frágil generalizada" nacional.
Este ano, a Zona Euro deverá conhecer a primeira recessão económica desde a sua constituição, com um recuo do PIB de 1,9%. O comissário responsável pelos Assuntos Económicos espera que o ponto "mais fundo" da crise seja atingido no primeiro trimestre deste ano e prevê o início da retoma a partir de Setembro.
Joaquin Almunia diz que o "ritmo da normalização do crédito às empresas e às famílias" poderá ser um sinal de recuperação económica.
Os números de Bruxelas prevêem que Portugal feche o ano com um défice de 4,6% devendo melhorar duas décimas no ano que vem. Um valor claramente acima dos 3% permitidos pelas regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC).
Almunia avisa que "as regras do PEC são para cumprir" e a avaliação começa já pelos programas de estabilidade e convergência que cada país entregou à CE e cujo resultado é divulgado em Fevereiro.
O desemprego vai continuar a aumentar em toda a Europa, até 2010. Em Portugal, os desempregados serão 8,8% este ano e 9,1% no próximo, valores não muito distantes da média europeia. Espanha tem, de longe, a taxa de desemprego mais alta da UE: uma previsão de 16,1%, este ano, e 18,7%, no próximo.
Na semana passada, o Economist Intelligence Unit - da revista The Economist - anunciava para Portugal uma recessão "severa" em 2009, relacionando-a com um programa eleitoral "exigente", numa alusão às eleições legislativas, autárquicas e europeias, nas quais os portugueses serão chamados a votar.
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