16.1.09

Casa dos Pobres espera equipamento

João Pedro Campos, Bruno T. Pires, in Jornal de Notícias

Instituição de solidariedade social tem novo espaço já construído em São Martinho do Bispo, mas ainda não conseguiu financiamento necessário para equipar devidamente a futura infra-estrtura


A poucos meses de completar 74 anos, a Casa dos Pobres de Coimbra aguarda o financiamento necessário à aquisição de equipamento para mudar para as novas instalações, já prontas em São Martinho do Bispo.

Enquanto não mudam, os 49 utentes abrangidos pela instituição mantêm-se na Praça do Comércio (no centro da Baixa da cidade), onde, segundo a assistente social, Ana Maria Santos, "há muitas barreiras arquitectónicas".

As instalações actuais são em madeira com várias escadas pelo caminho. "É um espaço bastante limitado", conta Ana Maria Santos, dando o exemplo de uma utente que, minutos antes, pediu um espaço para dormir no rés-do-chão, porque a capacidade motora não lhe permitia subir e descer muitos degraus. No entanto, a mudança para as novas instalações ainda está atrasada. "Estamos na fase de pedido de dinheiro para equipamento, mas ainda não tivemos muitas respostas", explica a assistente social. O presidente da instituição, Aníbal Duarte de Almeida, afirma que estão investidos no novo espaço cerca de dois milhões de euros, na Quinta do Cedro (São Martinho do Bispo) num lote de terreno oferecido pela Segurança Social.

Aníbal Duarte de Almeida descreve ao JN o ponto de situação da aquisição do equipamento: "Temos promessas que não se concretizaram, como o Rotary Club de Santa Clara, que está empenhado, através da Rotary Internacional, em conseguir o equipamento para a cozinha, que custa à volta de 65 mil euros", justifica, acrescentando que "ainda não está assente se é ou não deferido o pedido". A Junta de Freguesia de S. Bartolomeu ofereceu as máquinas da lavandaria, "e está pronta a concretizar a compra e montagem", diz. Adianta ainda que fica a faltar "equipamento para o refeitório, consultório médico e quartos".

A Casa dos Pobres vive de donativos de sócios e subsídios de instituições. "A ajuda é feita pelos associados e os beneméritos que atribuem donativos", conta Aníbal Duarte de Almeida. A Segurança Social atribui uma verba por cada utente. O presidente da instituição explica que "é ao Estado que compete dar protecção aos mais carenciados. Quando não o faz na sua plenitude, faz acordos com instituições de solidariedade social, que atribui um subsídio por cada utente, actualizável todos os anos consoante a inflação".

Periodicamente são feitas iniciativas como o Almoço dos Românticos (grupo que se junta às segundas terças-feiras de cada mês e reúne cerca de 50 pessoas, incluindo personalidades da cidade) ou jantares de beneficência. "Vão-nos ajudando, continuamos a receber donativos, mas não chegam para a proporção dos gastos. Gasta-se dinheiro mais depressa do que se recebe", defende Aníbal Almeida.

Por volta da hora do almoço (servido ao meio-dia), os utentes concentram-se na sala de estar, em frente à televisão. O clima é de boa disposição entre as pessoas. Manuel Duarte, um barbeiro reformado de 76 anos, gosta do ambiente e conta que é muito bem tratado desde que entrou na Casa dos Pobres, em Agosto de 2005. "Só é pena que haja alguns utentes que não têm respeito por ninguém, mas isso acontece em todo o lado", lamenta. Viúvo e com três filhas, mostra-se entusiasmado com a mudança de instalações. "Vou para um hotel de cinco estrelas", brinca. Também num registo de boa disposição, Adelino Craveiro, antigo construtor civil, afirma que "se dá toda a gente muito bem e que as funcionárias são muito atenciosas". Apoiado num andarilho, Adelino não perde, no entanto, a alegria, contando que fez anos esta semana, mas não sabe contabilizar quantos. "Uns sessenta e tal", graceja.