5.5.09

Bruxelas antevê "tempos difíceis" para Portugal

Célia Marques Azevedo, in Jornal de Notícias

Comissão Europeia previne que o desemprego vaicontinuar a subir e que a recessão vai ser "prolongada".

O défice português vai disparar, a economia vai contrair-se mais e o desemprego vai continuar a subir até 2010. A Comissão Europeia (CE) prevê uma recessão "prolongada" e "tempos difíceis" para Portugal.

Os números divulgados ontem pelo Eurostat são piores para todos os países do que os previstos em Janeiro, por causa do "agravamento da crise financeira mundial".

O défice orçamental português vai chegar aos 6,5% este ano (o Governo previa, em Março, um défice de 3,9%), podendo aumentar mais duas décimas em 2010, resultado da "carga pesada suportada pelas finanças públicas", em resultado da desaceleração económica. Bruxelas contabiliza já o plano de estímulo fiscal que, apesar de ser descontinuado em 2010, tal como devido, "não traz melhorias" ao desempenho fiscal do país. Com a economia portuguesa a contrair-se em 3,7% do PIB, este ano, a taxa de desemprego vai continuar a subir até aos 9,1% em 2009 e 9,8% no ano que vem, acompanhada de "moderação salarial". A consequência será a "desaceleração do consumo privado", explica o gabinete de estatísticas, "reflexo dos rendimentos salariais baixos e da taxa de desemprego a atingir níveis históricos".

O ano pode fechar com uma inflação com sinal negativo nos 0,3%, embora haja a expectativa de que possa subir em 2010 para os 1,7%. Bruxelas diz que estes indicadores têm um efeito de "longa duração" na economia nacional, o que vai alimentar a recessão por mais tempo do que na União Europeia.

Quanto ao défice excessivo, Portugal escapa, para já, a um processo de infracção. O comissário responsável pelos Assuntos Económicos explicou que a situação portuguesa seria analisada "mais tarde". Para já, os procedimentos por défice acima dos 3% do PIB são apenas para os países que já ultrapassaram a barreira de referência em 2008, o que não foi o caso de Portugal.

Em termos europeus, a economia vai recuar em 4% do PIB, este ano, mas apenas 0,1% no ano que vem, quer na Zona Euro quer no grupo dos 27. Já o défice pode passar a barreira dos 5% no grupo da moeda única e chegar aos 6% na UE, em 2009, e subir para 6,5% e 7,3% em 2010, respectivamente. O desemprego vai continuar a subir para os 9,4% este ano e 10,9%, em 2010 na UE.

Com os planos de relançamento económico no activo, Joaquin Almunia diz que a economia europeia já "não está em queda livre" e que espera que 2010 traga já os primeiros sinais de "recuperação".