José Vinha, in Jornal de Notícias
Da manhã para a tarde, Manuel Pinho conseguiu trabalhoem Paredes para despedidos em Paços de Ferreira
Ao final da manhã de ontem, na "Capital do Móvel", desempregados de uma firma de Paços de Ferreira receberam Manuel Pinho com protestos e pedidos de auxílio. Ao final da tarde, o ministro "empregou-os" numa empresa de Paredes.
São 45 trabalhadores, muitos dos quais com mais de 50 anos. Trabalham na "Madex", uma empresa familiar instalada em Paços de Ferreira há, pelo menos, 40 anos. Desde há seis que a firma deu sinais de fracassar.
Os operários, concentrados no Parque de Exposições de Paços de Ferreira, onde o ministro da Economia e o secretário de Estado Castro Guerra apresentaram o Plano de Apoio ao Sector, explicaram que estão, desde Fevereiro, em regime de "lay-off" (redução temporária do horário de trabalho). "No início do mês passado, íamos para trabalhar e a empresa estava fechada", contaram Adelino Leão e Deolinda Pacheco, ambos de 57 anos. Adelino trabalha na firma há 23 anos e Deolinda há 39. "O mal desta firma vem desde há dois anos. O patrão criou outras empresas e agora com o "lay-off" recebemos uma miséria", queixa-se a operária.
Os operários contaram ainda que o patrão preparava-se para alargar o regime de "lay-off" por mais seis meses, mas, contou Rogério Costa, o futuro não é nada animador. "Alguns colegas nossos foram hoje [ontem] à Autoridade de Trabalho e à Segurança Social para perceberem qual será o nosso futuro", explicou.
Quer o ministro da Economia, quer o secretário de Estado, conversaram com os trabalhadores, e chegou a haver uma reunião entre Castro Guerra e os trabalhadores nas instalações da Associação Empresarial de Paços de Ferreira.
Ao JN, o patrão, Joaquim Campos, de 76 anos, explicou que a firma chegou a ser a maior produtora de pinho do país, mas "a concorrência e a moda" alteraram a regra de mercado. "Nunca falhei com o pessoal e quis antecipar as férias, mas um trabalhador não quis. A maioria das pessoas são de idade avançada e querem o fundo de desemprego", alega o empresário.
À espera de uma "bênção" governamental, os trabalhadores acabaram por ter uma ajuda preciosa: do próprio ministro!
Depois de ter saído da "Capital do Móvel", Manuel Pinho almoçou na "Rota dos Móveis" e visitou, em Paredes, a fábrica "Jocilma - Indústria de Móveis, SA", uma das maiores indústrias de mobiliário, que exporta 100% da produção. Com sede na zona industrial de Lordelo, Paredes, local de grande tradição neste ramo de negócio, a empresa emprega cerca de 180 trabalhadores.
O ministro da Economia, ainda com os ecos do drama dos operários pacenses na memória, sensibilizou a administração da empresa paredense e recebeu a garantia que todos os trabalhadores da "Madex" de Paços de Ferreira serão admitidos, se desejarem, na "Jocilma", de Paredes.