in Jornal Público
UE quer regressar à disciplina orçamental logo que possível
Depois de ultrapassada a crise económica, os países europeus vão ter de regressar rapidamente à disciplina do pacto de estabilidade e crescimento do euro (PEC) e corrigir as derrapagens orçamentais, sublinharam ontem os ministros das Finanças da União Europeia (UE). De acordo com as previsões da Comissão Europeia, o défice orçamental dos países da UE atingirá este ano 6 por cento do PIB e 7,3 por cento em 2010 - mais do dobro do limiar máximo autorizado de 3 por cento do PIB - em resultado dos planos nacionais contra a recessão, aumento das despesas sociais e redução das receitas fiscais.
"Quando a crise acabar, temos de regressar aos limites [do PEC]", frisou Yannis Papathanassiou, ministro grego das Finanças, à margem de uma reunião dos seus pares da UE. "Os planos de estímulo têm de ser temporários, não podemos continuar assim depois da crise", corroborou o seu homólogo finlandês, Jyrki Katainen, considerando "preocupante" a existência de défices "gigantescos" em vários países: "Sobretudo da zona euro, porque temos uma moeda comum." Por isso, defendeu: "Temos de proteger a credibilidade da moeda no futuro." E advogou: "Temos de respeitar regras comuns e estar prontos para, depois desta crise, alterar drasticamente os nossos orçamentos e a nossa fiscalidade."
I.A.C., Bruxelas
EUA já bateu no fundo, mas retoma será lenta
O presidente da Reserva Federal norte-americana (na foto) confirmou ontem as suas projecções de início da retoma da economia dos EUA já no final deste ano. Os sinais de que a queda no mercado imobiliário está a abrandar e de que o consumo regista alguma reanimação são os motivos dados para esta visão mais optimista. No entanto, Ben Bernanke, num depoimento entregue no Congresso dos EUA, salientou que a "a taxa de crescimento real da actividade económica deverá manter-se abaixo do seu potencial de longo prazo durante mais tempo". O responsável máximo da Fed assinalou ainda que o desemprego se irá manter a um nível elevado, enquanto a taxa de inflação permanece baixa, o que pode significar um período de tempo longo com taxas de juro muito baixas. Neste momento, nos EUA, as taxas de juro de referência do banco central encontram-se entre zero e 0,25 por cento. O presidente da Reserva Federal deu ainda mais pormenores relativamente aos testes de stress que estão a ser realizados aos maiores bancos norte-americanos. Bernanke afirmou que as necessidades de capital que estão a ser detectadas pelas autoridades podem ser resolvidas dentro do sector privado. Isto significa que poderá não ser necessária a entrada de mais capitais públicos nos bancos, o que corresponderia à intensificação do processo de nacionalização parcial que se tem vindo a verificar no sector bancário dos EUA.
Actividade industrial nacional menos negativa em Março
A actividade industrial demonstrou em Março uma tendência menos negativa do que nos dois primeiros meses do ano. A paragem de empresas, em grande parte dos sectores, e o lay-off de trabalhadores terão contribuído para diminuir o emprego, as remunerações e as horas trabalhadas nesse mês, anunciou ontem o Instituto Nacional de Estatística (INE). O mercado interno parece estar a responder melhor à crise do que o externo, com o volume de vendas da indústria entre portas a ter uma queda menos acentuada (-15,2 por cento) em Março do que o volume gerado para o exterior (-28 por cento). Em Fevereiro e Janeiro, o mercado interno foi mais castigado (-22,7 e -19,9 por cento), mas ficou longe dos valores negativos das vendas ao exterior (-31,2 e -29 por cento). No somatório das vendas internas e para o exterior, o volume de negócios na indústria decresceu 19,9 por cento em Março, contra os -26 por cento de Fevereiro e os -23,3 por cento de Janeiro. Os técnicos do instituto público ressalvam a circunstância de, há um ano, o período de Páscoa ter ocorrido em Março e a comparação homóloga estar a ser feita contra um período com menos dias úteis de trabalho. Em Março, o emprego na indústria caiu 5,2 por cento em valores homólogos, acentuando a tendência em relação a Fevereiro (-4,5 por cento) e Janeiro (-3,9 por cento). No que respeita às remunerações efectivamente pagas, estas contraíram-
-se 3,6 por cento (-3,7 por cento em Fevereiro e -1,9 por cento em Janeiro). Nas horas trabalhadas, outro indicador utilizado para medir o pulso à indústria, a diminuição foi menos acentuada (-2,2 por cento, face a Março de 2008) do que em Fevereiro e Janeiro (-8,1 e -8,3 por cento). E.M.