Por Margarida Gomes, in Jornal Público
A pensar nos idosos e nos deficientes, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa lança este mês uma campanha de acolhimento familiar
É uma iniciativa inédita em nome da solidariedade. A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa prepara-se para lançar este mês uma campanha de acolhimento familiar para pessoas idosas e adultos com deficiência. A notícia, avançada ontem pelo Diário de Noticias, refere que as famílias que vierem a ser seleccionadas receberão 622 euros por mês (447 euros mais 70 por cento da pensão da pessoa acolhida). Mas a campanha é também aberta a pessoas portadoras de deficiência e, neste caso, as famílias beneficiarão de um rendimento mais elevado. Nestas situações, o que está previsto é que a Misericórdia pague 700 euros, acrescido do valor correspondente a 70 por cento da pensão da pessoa acolhida.
Os idosos já estão referenciados. O passo seguinte é as famílias candidatarem-se. Mas há dois requisitos prévios: as famílias que venham a receber idosos não podem ter nenhum grau de parentesco com a pessoa ou com o adulto com deficiência e têm de provar que dispõem de boas condições económicas.
Contactado pelo PÚBLICO, Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), vê com bons olhos a iniciativa, até porque pretende dar resposta às pessoas com falta de autonomia ou isolamento, mas afasta a possibilidade de a mesma vir a ser alargada a outros pontos do país. Porquê? Porque, justifica, a UMP não tem capacidade financeira para levar a cabo um programa deste género.
"A Misericórdia de Lisboa tem recursos muito grandes, o que não acontece com as outras misericórdias, por causa da receita [28 por cento do total] que recebe dos jogos sociais." Para além disso, diz ainda Manuel Lemos, a UMP vive momentos apertados que decorrem do facto de haver "muitas famílias que não estão a comparticipar a creche dos filhos ou a factura correspondente a um familiar idoso que se encontra num lar".
Em Portugal existem 321 mil idosos a residir sozinhos, sendo a maioria deles mulheres viúvas. Só em Lisboa vivem 128 mil pessoas com mais de 65 anos.