Por Luísa Pinto, in Jornal Público
Federação da Construção classifica de "abissal" a quebra de produção que enfrenta. Governo promete medidas para relançar sector residencial
Em crise desde 2002, as quedas da produção no sector da construção atingiram, no ano de 2009, o epíteto de "quebra abissal" no relatório anual organizado pela Federação da Construção. Um decréscimo de 9 por cento na produção e a eliminação de 62 mil postos de trabalho são os indicadores mais significativos. E as perspectivas não são animadoras: em 2010, o investimento continuará fraco, se não negativo, e o desemprego deverá agravar-se.
"Antevê-se que a produção do sector registe um novo decréscimo, na melhor das hipóteses, de 5 por cento, na pior delas de 7 por cento", lê-se no documento ontem apresentado durante a conferência organizada pela Federação. A boa notícia é que o arrastamento das dificuldades no mercado interno conduziram as construtoras para os mercados internacionais, sendo aí que já conseguem 18 por cento da sua facturação anual (cerca de 3,3 mil milhões de euros).
Na sequência dos mais recentes anúncios de suspensão de investimento públicas, como o aeroporto e a terceira travessia do Tejo, o presidente da federação, Ricardo Gomes, apelou a que haja entendimentos definitivos: "Há fortes investimentos feitos pelas empresas na preparação para esses projectos. Já houve um prejuízo efectivo, mas talvez o pior seja mesmo esta quebra de expectativas sobre o que podemos ou não fazer no futuro."
Presente na iniciativa, o secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, negou que se estivesse a fazer "um ataque ao sector", antes de admitir que, "neste momento, não há condições para poder tomar decisões que poderiam ser esperadas pelo sector". O governante reiterou a atenção que está a ser dada à construção e os esforços feitos para definir medidas que ajudem a dinamizar o segmento residencial, aquele onde se têm registado as maiores quebras. Sem querer antecipar ideias e que vão este mês ser discutidas com os agentes do sector, o secretário de Estado disse que os objectivos passam por "escoar" o parque existente, privilegiar o arrendamento e a reabilitação.