in Diário de Notícias
O Papa Bento XVI defendeu hoje no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, a construção de "uma cidadania mundial fundada sobre os direitos humanos e as responsabilidades dos cidadãos".
No seu discurso, perante figuras da cultura portuguesa, o Papa reconheceu que o "diálogo sem ambiguidades e respeitoso das partes nele envolvidas é hoje uma prioridade no mundo à qual a Igreja não se subtrai", salientando a presença do Vaticano em diversos organismos internacionais.
Em particular, o Papa destacou a presença do Vaticano no Centro Norte-Sul do Conselho da Europa, que tem "como pedra angular o diálogo intercultural", a fim de promover a cooperação entre a Europa, o Sul do Mediterrâneo e África, procurando "construir uma cidadania mundial fundada sobre os direitos humanos e as responsabilidades dos cidadãos, independentemente da própria origem étnica e adesão política e respeitadora das crenças religiosas".
Constatada a "diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, verdade e beleza", afirmou o líder da Igreja Católica.
Citando directamente os textos do Concílio Vaticano II, que veio "pôr o mundo moderno em contacto com as energias vivificadoras e perenes do Evangelho", Bento XVI reafirmou a vontade da Igreja em assumir uma "renovada consciência" que "assume e discerne, transfigura e transcende as críticas que estão na base das forças que caracterizam a modernidade, ou seja, a Reforma e o Iluminismo".
No tempo actual, a Igreja procura acolher essas ideias, recriando-as, "superando-as" e "evitando os seus erros e becos sem saída".
A meio do século XX, o "evento conciliar colocou as premissas de uma autêntica renovação católica e de uma nova civilização - a 'civilização do amor' - como serviço evangélico ao homem e à sociedade", recordou Bento XVI, que participou então no encontro como um dos mais jovens teólogos da Igreja Católica.
Na "cultura actual", a "Igreja sente como missão prioritária" manter "desperta a busca da verdade e, consequentemente, de Deus", procurando "levar as pessoas a olharem para além das coisas penúltimas e porem-se à procura das últimas", acrescentou o papa, muito aplaudido pelos presentes.
No final, o Papa trocou cumprimentos com diversas personalidades da cultura portuguesa e representantes de outras religiões presentes no local.