in As Beiras On-line
Dorme com o filho de 10 anos por falta de casa
Pilar Pinto aguarda por habitação social há quatro anos. A Figueira Domus afirma que ocupa o terreno ilegalmente e tem recusado todas as soluções.
Morava numa barraca, no Bairro Padre Américo, que foi demolida, antes de se mudar para outra barraca, na Estrada de Mira, há dois anos. Maria Pilar Silva Pinto, 47 anos, solteira, tem um filho de 10 anos. Partilham uma pequena roulotte, oferecida por um familiar, onde cabe a cama e pouco mais. A falta de espaço obriga-os a dormir juntos.
O anexo de madeira tem espaço para o fogão e para um amontoado de roupa e utensílios domésticos. Não tem casa de banho. Pilar é epiléptica e o filho é asmático. Natural de Amadora, vive na Figueira da Foz desde criança, onde nunca teve casa. Aufere 280 euros do Rendimento Social de Inserção. Não trabalha e o subsídio é parco para duas pessoas.
“Conhece alguém que dê trabalho a um cigano…?”, indaga, resignada. A situação de Pilar Pinto pode piorar, se a Figueira Domus levar para a frente o plano de erradicação de barracas na Estrada de Mira (desde 2009 já foram demolidas 10 e realojadas oito famílias). Filipa Vaz Serra, administradora da empresa municipal de habitação social, assevera que Pilar está a ocupar ilegalmente o terreno da câmara.
Além disso, continua, “tem recusado todas as soluções”. Nomeadamente, mudar para outro local e o apoio de instituições solidárias. Se assim continuar, garante Filipa Vaz Serra, a Figueira Domus não poderá reabrir o processo para atribuição de habitação, que foi encerrado quando se mudou clandestinamente para a Estrada de Mira. Ainda que neste momento tivesse a situação regularizada, teria 450 candidatos à sua frente, e só há dois fogos disponíveis.