Alexandra Inácio, in Jornal de Notícias
A taxa de cyberbullying em Portugal pode ser superior à de outros países europeus, como a de Espanha, Turquia ou Alemanha, e ser "muito próxima da realidade norte-americana".
É, pelo menos, essa a conclusão da primeira tese de mestrado feita sobre o tema.
"Há vítimas de cyberbullying em Portugal" e a maioria tem entre os 12 e 15 anos, a "idade boom" também do bullying. Apesar de ter feito a tese de mestrado com uma "amostra pequena" de 120 inquéritos, Mariana Campos não tem dúvida quanto à manifestação do fenómeno e a sua tendência crescente. Tal como Pedro Ventura - professor de Artes do 3º ciclo e a fazer tese de doutoramento sobre o mesmo tema -, lamenta a falta de apoio do Ministério da Educação para a promoção de inquéritos em meio escolar. Teve de disponibilizá-lo online para conseguir reunir informação.
Tanto Mariana Campos como Pedro Ventura fazem parte do Movimento Todos Contra o Bullying criado através de um blogue na Internet há cerca de quatro meses e que ontem tentou promover a sua primeira acção: uma concentração em Lisboa, frente ao Pavilhão Atlântico; outra no Porto, na Avenida dos Aliados. Na capital apareceram três pessoas; no Porto, uma.
Pedro, Mariana e Luís Gonçalves (um dos fundadores do movimento) não conseguiam esconder a desilusão; até porque no Facebook, garantiam, já são mais de 40 mil e a petição (lançada há cerca de três meses) já tem mais de 4600 assinaturas. Faltam menos de 400 para as cinco exigidas pela lei para forçar o debate no Parlamento.
"É esse o objectivo: reforçar a lei geral contra o bullying em todas as escolas", frisa Luís Gonçalves. "Não pretendemos que o agressor seja expulso da escola mas sim sancionado, de modo a que a vítima também sinta que ele foi penalizado pelo acto; faça trabalho comunitário, por exemplo". No blogue e na página do Facebook do movimento, milhares de pais e professores "trocam experiências, é o apoio que temos", conclui.