14.5.10

Teixeira dos Santos diz que Governo vai "enfrentar a tensão social"

in Jornal de Notícias

O ministro das Finanças disse hoje, quarta-feira, que o Governo vai "enfrentar a tensão social" devido aos cortes da despesa pública e afirmou que, sem o auxílio da União Europeia e do FMI, o cenário no mercado de dívida seria muito difícil.

"Vamos enfrentar a tensão social", disse Fernando Teixeira dos Santos em entrevista à agência internacional de informação financeira Bloomberg, acrescentando que Portugal tem "de tomar medidas para cortar na despesa e aumentar a receita".

"Os sindicatos vão protestar e vão existir outras expressões de descontentamento em relação a estas medidas, mas não prevejo casos de violência, como vimos na Grécia", acrescentou Teixeira dos Santos.

O ministro admitiu que as medidas de redução da despesa e aumento da receita são "impopulares por natureza", mas acrescentou que "os portugueses não têm tradição de violência".

"Vamos anunciar em breve medidas [de redução da despesa e aumento de receitas] e estamos a completar um acordo político com o principal partido da oposição para ter condições políticas fortes para seguir em frente com este pacote fiscal", disse ainda o ministro Teixeira dos Santos.

"Com este pacote vamos reforçar a confiança e reduzir a a incerteza e perceção do risco que os agentes económicos têm na nossa economia e isso terá um impacto positivo na nossa economia", acrescentou.

Na entrevista, o ministro disse ainda que a dívida soberana portuguesa beneficia agora de melhores condições de mercado, depois do pacote de auxílio que a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) aprovaram no passado fim de semana.

"Os mercados estão a aceitar a dívida portuguesa em melhores condições que há dois ou três meses", disse Teixeira dos Santos à Bloomberg.

"Acredito que se a UE e o FMI não tivessem conseguido prosseguir com esta pacote, diria que estaríamos a viver um momento muito difícil nos mercados de dívida soberana", acrescentou.

Portugal vendeu hoje mil milhões de euros de Obrigações de Tesouro a 10 anos, com a procura quase a duplicar a oferta.