João Francisco Guerreiro, correspondente em Bruxelas, in TSF
Comissão Europeia prevê crescimento, mas alerta para "desafios" ligado à perda de poder de compra dos portugueses.
A Comissão Europeia apresenta esta segunda-feira o boletim macroeconómico da primavera, com previsões mais otimistas do que o Governo, relativamente ao crescimento da economia portuguesa. Bruxelas prevê uma expansão da economia portuguesa para 2,4% para 2023, e 1,8% em 2024.
A Comissão Europeia considera que a economia portuguesa tem vindo a apresentar sinais de uma recuperação robusta, mas estima, ainda assim, que o ritmo de crescimento registado no primeiro trimestre deste ano, venha a enfraquecer no segundo terço de 2023, para a voltar a recuperar nos meses do verão.
Crescimento
No primeiro trimestre de 2023, a economia foi impulsionada por um aumento do turismo, com o "crescimento do PIB estimado em 1,6% [no primeiro trimestre], fortemente acima das taxas registadas nos três trimestres anteriores". O setor externo foi determinante como impulsionador do crescimento, beneficiando da recuperação das cadeias de abastecimento, alem do aumento das chegadas de turistas, "em particular da América do Norte".
Bruxelas salienta, porém, que a economia enfrenta desafios, nomeadamente, devido à "fraca procura interna", em particular porque "o consumo privado foi condicionado pela diminuição do poder de compra das famílias nos trimestres anteriores", ao mesmo tempo que "os investidores foram confrontados com taxas de juro mais elevadas".
"Prevê-se que o crescimento económico enfraqueça no segundo trimestre de 2023, mas "recupere nos trimestres seguintes", na medida da recuperação gradual do rendimento disponível real das famílias e do consumo privado.
Inflação
De acordo com o Boletim Macroeconómico da primavera, a "inflação nominal deverá moderar". No ano passado, Portugal passou o ano com uma inflação de 8,1%. Bruxelas estima é que este indicador seja fixado em 5,1%, no final de 2023, continuando a abrandar para 2,7%, em 2024.
"A redução foi em grande parte impulsionada pelos preços mais baixos da energia, enquanto os preços dos alimentos permaneceram elevados", refere o documento divulgado pela Comissão Europeia.
Défice
Relativamente às finanças públicas, Bruxelas faz uma previsão favorável. Depois de o défice "ter diminuído para 0,4% do PIB em 2022", espera-se que diminua" para 0,1% do PIB em 2023", mantendo a mesma previsão para 2024.
Bruxelas salienta porém que "a receita fiscal é o principal motor deste crescimento, sobretudo da fiscalidade indireta, ainda a refletir a manutenção de preços elevados".
Energia
No documento salienta-se que "o custo orçamental líquido das medidas de apoio à energia" está projetado para 0.8% do PIB em 2023", destacando-se "a diminuição considerável" quando comparada com os 2.0% de 2022.
Bruxelas antecipa que as medidas de apoio à energia "deverão ser completamente eliminadas em 2024", admitindo que "o défice de 2023 também será afetado pela suposta remoção total das medidas temporárias de emergência do COVID-19, que corresponderam a 0,8% do PIB em 2022".
Dívida
O rácio da dívida pública relativamente ao PIB contraiu consideravelmente para 113.9% em 2022, já abaixo dos níveis pré-pandemia. Prevê-se que continue em trajetória de redução em 2023 para 106,2%, e 103,1% em 2024, impulsionado por um "diferencial de crescimento, taxa de juros favorável e melhorias no saldo primário geral".