Erdal Sabri Ergen, opinião, in Público
Embora as zonas urbanas ocupem uns escassos 2% do território mundial, produzem 70% das emissões globais de gases com efeito de estufa e consomem 78% da energia mundial.
As cidades devem estar no centro de qualquer visão realista sobre a sustentabilidade. Embora as zonas urbanas ocupem uns escassos 2% do território mundial, produzem 70% das emissões globais de gases com efeito de estufa e consomem 78% da energia mundial. As nossas cidades têm de facto uma enorme pegada ecológica.
Para os habitantes da bacia do Mediterrâneo, este facto é particularmente desconcertante. Para além de ser uma região particularmente vulnerável às alterações climáticas, tem também uma das maiores taxas de urbanização do mundo. As cidades da região mediterrânica estão perigosamente expostas aos impactos das alterações climáticas, incluindo desafios como a escassez de água, as secas, os incêndios florestais e as ondas de calor (AEA, 2012). Além disso, estão também a enfrentar as ameaças crescentes da subida do nível do mar, de inundações costeiras e de tempestades (UN-Habitat, 2018).
Dados científicos serão essenciais para os planeadores urbanos de todo o Mediterrâneo, se quiserem enfrentar eficazmente os desafios mais importantes
É por esta razão que a União para o Mediterrâneo (UpM) tem apelado constantemente à cooperação internacional para impulsionar o desenvolvimento sustentável, com um compromisso a longo prazo para garantir que as zonas urbanas estão no centro da agenda de acção da região. Perspectivando o futuro, os Estados-Membros da UpM têm planos ambiciosos para fazer avançar a sua Agenda Urbana, comum e específica, para promover o desenvolvimento urbano sustentável na região. A medição dos progressos será fundamental e, como parte do Plano de Acção Estratégico para o Desenvolvimento Urbano 2040, a UpM está a estabelecer indicadores para monitorizar e comunicar os progressos alcançados envolvendo todas as partes interessadas. Especialmente à medida que repensamos as nossas cidades pós-COVID-19, as respostas estratégicas eficazes e conjuntas são mais cruciais do que nunca.
E não se trata apenas de ajudar o planeta e as pessoas no longo prazo – como se isso não fosse suficiente. Há benefícios mais imediatos no desenvolvimento urbano sustentável. Por exemplo, a ISGlobal estima que as cidades da Europa poderiam evitar até 43.000 mortes prematuras por ano se seguissem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o acesso a espaços verdes. Dados científicos semelhantes serão essenciais para os planeadores urbanos de todo o Mediterrâneo, se quiserem enfrentar eficazmente os desafios mais importantes.
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