Isabel Arriaga e Cunha, Bruxelas, in Jornal Público
Durão Barroso apelou ontem aos líderes da União Europeia (UE) para aprovarem o seu plano de estímulo à economia na cimeira europeia de quinta e sexta-feira, defendendo que poderá constituir o ponto de partida para um programa conjunto com o novo Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
Barroso, que falava durante a conferência de imprensa com que tradicionalmente precede as cimeiras europeias, defendeu que, se o seu plano for aprovado, a UE poderá definir "com os parceiros americanos uma resposta transatlântica para a crise económica que poderia ser a base para uma resposta global".
A decisão dos líderes deverá incluir a quantificação do esforço financeiro ao nível de 1,5 por cento do PIB dos Vinte e Sete, defendeu. "Para ser credível é preciso ter algum tipo de meta", afirmou, frisando que o valor de 1,5 por cento do PIB não é um número matematicamente preciso mas "uma ordem de grandeza". Que, segundo prognosticou, terá "muito provavelmente" de ser revisto e adaptado em 2009, em função do carácter "volátil" da situação económica.
Barroso procurou, por outro lado, desdramatizar as diferentes perspectivas dos governos, divididos entre a França e Reino Unido, de um lado, que defendem um plano o mais ambicioso possível, e a Alemanha ou a Holanda, que consideram suficiente o esforço que já têm previsto fazer internamente e recusam ir por agora mais longe em termos europeus.
"Percebo os que querem ser mais prudentes, que querem evitar problemas de insustentabilidade" das finanças públicas, afirmou Barroso, frisando que partilha a convicção alemã segundo a qual a recessão económica não se resolve unicamente com um aumento dos gastos. "Penso que a Alemanha está a fazer e fará uma contribuição muito importante para os esforços europeus", afirmou.
O presidente da Comissão mostrou-se por outro lado optimista relativamente às possibilidades de acordo sobre o plano de combate às alterações climáticas, cujos temas mais duros terão de ser arbitrados pelos líderes.
E defendeu, pela primeira vez, que "se for muito importante para a Irlanda", o Tratado de Lisboa deverá ser alterado na vertente relativa à composição da Comissão Europeia, de forma a garantir que todos os Estados-membros continuarão a poder nomear um comissário europeu.
O facto de a Irlanda perder o direito automático a um comissário pesou de forma significativa na recusa do Tratado no referendo de Junho passado, o que o impede de entrar em vigor. A saída para o impasse é outro dos temas na agenda dos líderes.
Para ajudar a Irlanda, o Tratado de Lisboa pode ser alterado para que todos os países tenham um comissário