16.12.08

Luz vai subir 1,8 euros por mês para domésticos

João Paulo Madeira, in Jornal de Notícias

Pão deverá aumentar um cêntimo por carcaça em 2009; carne e legumes devem estabilizar


O novo ano aproxima-se e com ele haverá actualizações de preços. A inflação prevista é de 2,5% mas há produtos e serviços que vão encarecer acima desse valor, como a luz e o pão. Na carne e nos legumes, haverá contenção.

A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) confirmou ontem que o aumento médio das tarifas reguladas de electricidade em 2009 será de 4,9%, embora para os clientes domésticos a subida seja menor: 4,3%. Este aumento corresponde a um agravamento médio de 1,8 euros por mês na factura dos 5,5 milhões de clientes em Baixa Tensão Normal (domésticos), cuja factura mensal rondará os 40 euros. Para a maioria (2,7 milhões de consumidores), a factura sobe 95 cêntimos, para cerca de 25 euros.

Em termos acumulados, a ERSE contabiliza um défice tarifário (diferença entre os custos reais de produção e as tarifas pagas) de mais de dois mil milhões de euros. Este "buraco" terá de ser recuperado nos próximos 15 anos, através das tarifas pagas pelos clientes, evitando-se, desta forma, um aumento de 40% já este ano.

No pão, a tendência será de aumento. De acordo Carlos Santos, presidente da Associação de Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares, "qualquer empresa responsável terá de fazer uma actualização de preços em Janeiro". O dirigente considera ser necessário um aumento de pelo menos 5%. Mas, como a unidade mínima de subida deverá ser um cêntimo por carcaça, tal representa uma oscilação entre 8% e 9%, ao preço médio actual da carcaça (11 a 12 cêntimos). Carlos Santos lembra que, embora o preço dos cereais já tenha descido, o da farinha ainda não acompanhou essa diminuição, pelo que a estrutura de custos continua "pesada".

Segundo a presidente do Observatório dos Mercados Agrícolas e das Importações Agro-alimentares, Maria Antónia Figueiredo, a perspectiva é de que não haja aumento de preços nos primeiros meses do ano. O fim da bolha especulativa em torno das matérias-primas e a estabilização do custos deverão fazer com que a carne não sofra aumentos. A mesma tendência deverá verificar-se nas frutas, legumes e leite: "Se não houver alterações substanciais no preço dos combustíveis e das matérias-primas como a que ocorreu há uns meses, é previsível que os preços finais se mantenham".

O valor das portagens é actualizado com base na inflação de Outubro, excluindo a habitação. Assim, de acordo com os dados já divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas (INE), o preço a pagar nas auto-estradas deve aumentar 2,3%, em Janeiro, em média.

Cabe ao INE apurar o coeficiente de actualização e renda dos diversos tipos de arrendamento, com base na inflação até Agosto. Assim, o coeficiente de alteração a partir de Janeiro é de 2,8%.

Os CTT vão actualizar o preçário a partir de 1 de Janeiro de 2009, mas a maioria dos preços não terá alterações. O correio normal nacional até 20 gramas, o principal tipo de correspondência, continuará a ser de 31 cêntimos, no caso das cartas enviadas em regime de avença ou através de máquinas de franquiar. Apenas as cartas seladas e franquias obtidas nas máquinas de vendas de selos registam um aumento de 1 cêntimo, para 32 cêntimos. Entre as 20 e as 50 gramas, o preço-base do correio normal desce 1 cêntimo, para 54 cêntimos. O correio azul não regista alterações, tal como as cartas enviadas no primeiro escalão, até 20 gramas, cujo preço se mantém em 47 cêntimos, revelou ontem a instituição.