Denisa Sousa, in Jornal de Notícias
Se o Governo não intervier já, centenas de firmas vão fechar. Sentença saída de uma reunião na Associação Industrial do Minho, que alerta para o estado da economia regional, a liderar tudo o que é números negros.
O distrito de Braga, por exemplo, está em primeiro no ranking de insolvências declaradas, com três mil empresas falidas nos últimos nove meses, representando 15% do total nacional. Estatísticas que andam ao lado de distritos do Porto e Lisboa, mas que no Baixo-Minho ganham significativa relevância, devido ao impacto no tecido económico. A região regista, aliás, a média mais alta de desempregados, com uns brutais 11%, sobretudo nos vales do Ave e do Cávado.
"O Norte está em pré- colapso", vaticinam , depois de três horas de uma reunião de emergência sobre as fragilidades trazidas por "um cenário macroeconómico repentino" e que deverá, inclusivamente, motivar ajustes no QREN. Os órgãos sociais da AIMinho, compostos por 50 empresários, não querem ouvir falar de crise, mas de um ciclo difícil, e estão dispostos a confiar no Governo, para que os salve com medidas específicas para a região, tal como aconteceu com o sector automóvel.
"Se tal não sucedera até ao fim do ano, haverá milhares de novos desempregados", augura o presidente da AIMinho, António Marques. Louvando a injecção de capital do Estado na banca, este líder recorda que "a banca deve ser um meio e não um fim" e que, portanto, o crédito às empresas deve ser facilitado.
Os empresários querem o fim dos obstáculos neste domínio, spreads mais baixos e uma acção fiscalizadora a desenvolver pelo Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e Inovação e Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, que possam garantir que o plano do Governo chega, efectivamente, à economia real. A AIMinho defende, de resto, uma carga fiscal menos exagerada
Para a região, onde os empresários se dizem "no limite das forças", aquela estrutura precisa de um plano direccionado, com a criação de um fundo de restruturação de empresas e um fundo de apoio que ajude os trabalhadores despedidos.