Lilina Costa, in Jornal de Notícias
A crise agravou-se entre as pequenas e médias empresas, que estão a fechar umas atrás das outras. Só ontem perderam-se 85 postos de trabalho com o encerramento de duas empresas têxteis, nos concelhos de Guimarães e Vizela.
Os trabalhadores da empresa Luzar, em Polvoreira, Guimarães, nem queriam acreditar quando chegaram ontem de manhã ao trabalho e encontraram as instalações vazias, sem máquinas e de portas fechadas. Os 35 trabalhadores reclamam o pagamento de parte dos salários de Agosto e Setembro e a totalidade das remunerações de Outubro, Novembro e Dezembro, e ainda o subsídio de Natal, para além das respectivas indemnizações.
Segundo Dores Oliveira, uma das funcionárias, a empresa de malhas começou a dar sinais de dificuldades quando em Agosto despediu onze trabalhadores. "Mandaram-nos embora e não pagaram o que deviam. Segundo soubemos foram esses trabalhadores que pediram a falência da empresa", requerida a 7 de Novembro no Tribunal Judicial de Guimarães.
Os funcionários contam que a empresa trabalhava a 100% e não compreendem por que foi encerrada. "Ela (administradora) garantiu-nos ainda na semana passada que isto era para continuar. Dizia-nos que, se queríamos ganhar dinheiro, tínhamos de trabalhar de noite e de dia e agora levaram-nos tudo", disse.
Em Vizela, os 50 trabalhadores da Paulo & Companhia pararam a produção depois de tomarem conhecimento do pedido de insolvência entregue no Tribunal pela própria administração. Neste caso, a empresa não tinha um significativo volume de encomendas, mas pretendia apresentar um plano de viabilização para se salvar da falência. A insolvência foi apresentada no dia 3 de Dezembro por dívidas de 155 mil euros.
"Como é que vou conseguir pagar a prestação da minha casa só com o salário do meu marido. Diga-me, o que vai ser da minha vida?", desabafa Dores Oliveira.